Nesta segunda, 08, o Giro do Boi recebeu em estúdio o engenheiro agrônomo esalqueano Maurício Palma Nogueira, diretor da Athenagro, consultoria responsável pelo Rally da Pecuária, projeto do qual o profissional é coordenador.
Nogueira repercutiu os resultados oficiais da expedição deste ano, que foi a maior de todas em relação ao número de eventos oficiais: 42, entre encontros oficiais e oficinas de produtividade, impactando mais de 2.200 pessoas, entre elas cerca de 1.700 produtores ao longo de 57 mil quilômetros rodados e 128 fazendas visitadas.
Segundo o agrônomo, o dado que mais chamou atenção dos técnicos do Rally da Pecuária foram relativos à mudança de produtividade. De 2017 para 2018, a produção de arrobas por hectare ao ano entre os produtores que responderam ao questionário da expedição aumentou de de 8,33 para 10,31. Já a média nacional aumentou de modo menos expressivo, de 3,99 para 4,55 @/ha/ano. “Em 2017, a gente notou uma queda na produtividade. Esse cálculo é feito só no ciclo completo. […] Em 2016, como o milho subiu, os custos subiram muito e o pessoal de alta tecnologia percebeu que o resultado ia piorar e eles deram uma desacelerada, especialmente no confinamento. Então a produtividade caiu em 2017. Em 2018 a gente já esperava um aumento e esse aumento veio até em um ritmo maior do que a gente imaginava, então entre o público (do Rally da Pecuária, a produtividade) subiu quase duas arrobas por hectare ao ano que a gente avalia. […] A curva está se mantendo, a pecuária de ponta do Brasil está ganhando produtividade, enquanto a média está parada”, analisou Nogueira.
“O fazendeiro tem que ficar atento com as tendências. Às vezes a gente está querendo voltar a uma situação anterior, quando a gente tinha uma situação de mercado diferente. […] A pecuária tem uma história, um período de expansão para o interior do Brasil, o período pós-Plano Real e pós-2008. Dá para a gente definir muito bem o que aconteceu com a pecuária de corte para a gente entender o que vai acontecer com ela . O produtor que quiser ficar no jogo vai ter que trabalhar com níveis de produtividade mais altos porque o ganho vai vir de escala. A margem por arroba vai ser cada vez menor e se você vender poucas arrobas, você não tem recurso para manter a sua fazenda ao longo dos anos. Existe hoje um aumento da régua de produtividade, a gente tem que ficar atento. E, claro, produtividade você só consegue com recurso, você tem que investir. Então não é fácil fazer, você vai ter que colocar dinheiro na fazenda e esse dinheiro pode ser próprio ou financiado. E também tem uma particularidade na fazenda. A fazenda mais produtiva é muito mais difícil de administrar e também corre mais risco, então você tem que ser mais rigoroso na gestão, senão você vai pôr tudo a perder”, concluiu o diretor da Athenagro.
Confira a entrevista completa: