Pecuarista mineira "se derrete" pelas virtudes do Tabapuã

Conheça a trajetória da médica veterinária e pecuarista selecionadora Giselle de Sá Pinto Gontijo, titular do Tabapuã Gis, de Dores do Indaiá-MG

Ela praticamente nasceu no campo e, dessa forma, cresceu obstinada a dar sequência ao trabalho dos pais na Fazenda Machado, em Dores do Indaiá, na região central de Minas Gerais. Nesta quarta, dia 23, o Giro do Boi teve como destaque entrevista com a médica veterinária pela UFMG, pecuarista selecionadora de Tabapuã e influenciadora e entusiasta do agro brasileiro, Giselle de Sá Pinto Gontijo. Atualmente, a pecuarista é titular do Tabapuã Gis.

Conforme contou a produtora, aos 17 anos ela tomou a decisão de ir para a capital Belo Horizonte estudar para se formar em medicina veterinária. Com dedicação aos estudos, conseguiu passar na UFMG e, ainda sem carro, enfrentava as dificuldades. “Eu sempre falo: faça o que você goste e lute por isso. Eu sempre lutei!”, confirmou.

INSEMINAÇÃO OCULTA

Depois disso, já no 10º período da faculdade, Giselle ganhou o primeiro carro de seu pai, que acabou virando seu instrumento de trabalho, o start de sua carreira na genética bovina. Posteriormente, com os anos de experiência em uma empresa do setor, a veterinária passou a aplicar seu conhecimento dentro da fazenda da família. Contudo, a inseminação das vacas de um rebanho leiteiro ainda era feita às escondidas de seu pai, mais tradicional. “Eu inseminei as vacas mais giradas, fazendo então o primeiro cruzamento com o Girolando. Isso tudo escondido dele”, recordou.

Ao mesmo tempo, Giselle tentava mostrar ao pai as qualidades da raça Tabapuã para que a genética pudesse ser incorporada ao rebanho da Fazenda Machado. A mudança ocorreu aos poucos e consolidou-se quando a pecuarista assumiu a propriedade em sucessão familiar, após a morte do patriarca.

TABAPUÃ GIS

Logo depois em sua entrevista Giselle recordou como foi a transição para o rebanho Tabapuã. “Realmente o ‘pulo da gata‘ foi que eu liquidei o rebanho Girolando e eu precisava tomar uma direção no trabalho. Quando eu assumi a fazenda, eu estava vendo que o Tabapuã já estava cada vez melhor geneticamente. Porque a gente foi sempre colocando touros PO, inseminando”, contou.

Juntamente com o melhoramento genético do Tabapuã, a raça conquistou o coração da veterinária por outra característica. “O gado Tabapuã, de modo geral , já é um gado com uma docilidade incrível. Mas o nosso gado sempre foi muito”, reforçou.

Nesse sentido, a docilidade do Tabapuã Gis é fruto de muito trabalho de manejo racional com o gado. Por exemplo, na Fazenda Machados os animais iam até o curral apenas para passar pelas instalações e se familiarizar com os vaqueiros.

+ Manejo do gado fica mais fácil quando peão “encanta” o boi com os olhos

DESAFIOS DA SUCESSÃO

De acordo com a empreendedora, alcançar o objetivo com a criação do Tabapuã teve muita relação com o processo de sucessão familiar. “Em primeiro lugar, o desafio mesmo é você acordar e saber que seu pai não está mais ali. No meu caso, […] o que me deixou mais segura foi que ele doou a sede ainda em vida para mim. […] Portanto, eu estou aqui para falar, porque muitos que estão ouvindo têm duas, três fazendas e depois os filhos vão ter que tomar uma decisão e vão passar aperto. Porque, às vezes, eles vão primeiro brigar para ser dono para depois tomar a decisão”, alertou.

VALORES

Acima de tudo, Giselle conta que a força da família como um todo foi essencial para o sucesso em sua jornada. “Quando eu voltei, a força espiritual que eu tinha dele (pai) era muito grande. E garra eu tenho, eu nasci com ela. E o espírito empreendedor da minha mãe. Eu sou uma empreendedora nata”, revelou.

Do mesmo modo, a produtora apontou os valores que vieram de seu pai, Orlando Pinto, e de sua mãe, Maria Célia de Sá, que ela carrega consigo. “O maior valor que eu tenho do meu pai, que eu acredito, é a vontade de trabalhar. É a honestidade. É ter amigos, é conquistar as coisas. O meu pai tinha uma humildade que ninguém acredita. […] Então o que eu trago de exemplo do meu pai é persistência e trabalho. Da minha mãe, garra, honestidade. […] Caráter”, disse em resumo.

MISSÃO CUMPRIDA

Finalmente, Giselle afirmou que sente orgulho de sua carreira como pecuarista e do plantel que construiu ao longo dos anos. Isso tudo a partir de matrizes “prata da casa”. “Eu olho para esse gado hoje e fico orgulhosa. Foi com a minha herança que meu pai deixou que eu fui inseminando, melhorando e cada vez mais investindo em genética que eu cheguei ao nosso plantel”, ressaltou.

Segundo frisou a criadora, o Tabapuã Gis hoje consegue trabalhar nas condições reais da pecuária brasileira. “Nós temos hoje aqui no Tabapuã Gis um plantel PO que foi feito por absorção genética. Nas vacas lá de casa nós fomos colocando touro PO, fomos inseminando e chegamos no PO. […] Então eu fico deslumbrada com o quanto eu surpreendo as pessoas quando elas vêm até a fazenda e veem o quanto o nosso Tabapuã é funcional e se adapta no Brasil inteiro. Porque o meu manejo é o mais simplório possível”, assegurou.

O trabalho da produtora pode ser visto pelo seu perfil no Instagram, o @TabapuaGis.

+ Leia aqui mais histórias inspiradoras da pecuária do Brasil

Por fim, pelo vídeo a seguir, confira a entrevista completa com Giselle de Sá Pinto Gontijo, médica veterinária, pecuarista, integrante do conselho da ABCZ e diretora da Associação Brasileira dos Criadores de Tabapuã: