Com a chegada da temporada de leilões de touros no Brasil, as ofertas e opções são inúmeras. Mas será que tudo que se diz é verdade? Será que o reprodutor que cobrir a vacada vai resultar em bons bezerros para o criador? Ultimamente o que mais se ouve nas redes sociais é fake news e a todo momento somos bombardeados com informações e, infelizmente, nem todas são verdadeiras, não condizem com uma realidade esperada. Na hora de convencer o cliente vale tudo, vendedores prometem, mas não capazes de entregar a expectativa. Foi o que disse no Giro do Boi desta terça-feira, a zootecnista e gerente do Programa Montana, Gabriela Giacomini. Segundo a especialista, independente da raça que você usar no rebanho é preciso ficar atento a alguns detalhes (checklist) como uma análise da sua fazenda, como estão seus pastos, seu manejo, a suplementação e a questão sanitária, além do clima. Veja se o animal que você quer comprar vai se adaptar bem na sua região e no seu sistema de produção. Também observe o mercado da sua região, é preciso saber o que os seus possíveis clientes querem comprar. Somente então defina uma raça.
Escolhida a raça, analise os vendedores. Procure negociar com quem faz um trabalho sério, faça uma visita, veja quantos machos ele produz e quantos estão sendo oferecidos como touros. Se for mais do que 40%, desconfie. Ninguém produz só cabeceira, por melhor que seja o rebanho. Seu vendedor ou raça tem um programa de avaliação genética? Fica aqui uma ressalva sobre DEPs. “Prova de ganho de peso, comparações intra-rebanho com animais da mesma safra não é avaliação genética”, explica Giacomini, acrescentando que “vivemos numa era com muita informação disponível, aceitar comprar touros que não sejam avaliados geneticamente é um tiro no pé”. Já ficou para trás o tempo de comprar touro se baseando em peso atual, perímetro escrotal e pedigree. Os vendedores podem, e devem, oferecer mais.
Seu vendedor ou raça possuem o CEIP? O CEIP é um certificado emitido pelo Ministério da Agricultura para programas de melhoramento genético e garante que somente os melhores animais da safra são comercializados. No caso do Montana, Gabriela afirma que são comercializados somente os TOP 26,5% de cada safra, mas o máximo possível para programas CEIP é 40%. Touro é um investimento que irá gerar receita. Ele será o responsável pela produção dos bezerros, bois gordos e futuras matrizes da sua propriedade. A conta é simples: touro ruim produz filho ruim. Não adianta comprar touro pelo preço de carne e achar que está fazendo bom negócio. Você está levando um belo refugo para trabalhar na sua fazenda. Mesmo que esteja gordo e de pêlo liso, se está saindo pelo preço de abate, é refugo.
Apesar dos leilões serem tratados como festa, na verdade deveriam ser encarados como escritórios, pois os compradores vão aos leilões para negociar os melhores animais com os vendedores. Deve-se encarar um leilão com a razão, nunca com a emoção. Lembre-se, pecuária é um negócio, não uma paixão. Este foi o alerta da especialista para que o pecuarista não caia em fake news.
Gabriela também nos apresentou uma nova pelagem de touro da raça Montana pouco conhecida no Brasil, a pelagem preta. O touro está cobrindo numa fazenda do Rio Grande do Sul e chamou bastante a atenção dos telespectadores. Veja abaixo:
A entrevista completa você confere abaixo: