Qual raça cruzar com vacas ¾ Holandês em região de clima quente e úmido?

Telespectadora de Marabá quer aumentar a adaptabilidade por meio do cruzamento e perguntou ainda se pode usar sementes de frutas secas na dieta do gado de leite

A graduanda em agronomia Cíntia Araújo enviou duas dúvidas para o Giro do Boi Responde que foi ao ar nesta sexta, dia 25. Em primeiro lugar, a acadêmica quer uma dica de cruzamento. “Trabalho com gado leiteiro, a maioria das vacas é ¾ Holandês. Qual o touro ideal para utilizar, Gir ou Girolando? Moro na região de Marabá, no estado do Pará, uma região de clima quente o ano todo. Portanto, o gado muito Holandês sofre muito com o calor, além de ter muito carrapato”, contextualizou.

A resposta veio com o zootecnista Guilherme Marquez, gerente nacional de produto leite da Alta Genetics. Segundo o especialista, as vacas ¾ Holandês, ou 75% de sangue europeu, estão sujeitas a mais desafios como estresse térmico e aos ecto e endoparasitas.

Nesse sentido, a recomendação do especialista é para aumentar a adaptabilidade do rebanho. “Eu realmente iria para o touro Girolando. E eu trabalharia no primeiro cruzamento o Girolando ⅝ nesses animais. Eu abaixaria o percentual de sangue Holandês incluindo um pouquinho mais de sangue Gir leiteiro, visto que o Girolando ⅝ tem 62,5% de sangue Holandês”, recomendou.

Depois disso, Marquez orientou a acadêmica de agronomia a observar o impacto do cruzamento na recria. “Eu olharia como seria a recria desses animais, se foi tudo bem, se está desenvolvendo bem, se não está pegando tanto carrapato, se as coisas estão funcionando. Caso isso aconteça muito bem, eu continuo com o Girolando ⅝”, sustentou.

ALTERNATIVA

Em seguida, Marquez falou sobre uma opção que Cíntia tem caso os animais ainda apresentem desafios de adaptação. “Caso isso não aconteça muito bem, aí sim eu vou usar o touro Gir leiteiro para descer essa composição racial do Holandês para ⅜. Então eu diminuiria muito bem o sangue Holandês, teria um animal mais Gir Leiteiro do que Holandês, mas também muito produtivo. O ⅜ tem um resultado de produção muito bom. E aí eu poderia mensurar as coisas”, acrescentou.

Acima de tudo, Marquez lembrou da importância da graduanda em agronomia fazer todas as anotações das informações zootécnicas do rebanho. “Anotar tudo direitinho para você gerar comparativos”, sugeriu.

SEMENTES SECAS NA DIETA DO GADO DE LEITE

Por último, Marquez esclareceu outra dúvida da telespectadora. “Tem algum problema fornecer sementes secas e trituradas para as vacas? Como, por exemplo, sementes de maracujá, acerola e goiaba. Nós secamos as sementes, depois trituramos e misturamos com o milho, soja e outros insumos para formular a ração”, perguntou Cíntia.

De acordo com o zootecnista, todos os subprodutos são válidos como alimento, desde que sejam utilizados a partir de análises bromatológicas e de toxicidade. O objetivo, completou Marquez, é não matar a população microbiana do rúmen, o que pode ocorrer no caso da ingestão de certos alimentos e, inclusive, da forma de preparo. Neste caso, se a semente secou ao sol ou se alguma forma de aquecimento participou do processamento.

“Eu vejo como ótimas opções, principalmente o maracujá, que a gente já tem em muito volume sendo usado na substituição de alguns produtos que podem estar mais caros. E dando resultado muito bom”, salientou.

ENVIE A SUA PERGUNTA

Assim como o telespectador acima, você também pode ser sua dúvida sobre gado de leite atendida. Envie para o programa no link do Whatsapp do Giro do Boi, pelo número (11) 9 5637 6922 ou ainda pelo e-mail [email protected].

Por fim, assista a resposta completa do especialista pelo vídeo a seguir:

Foto ilustrativa: Juliana Sussai / Reprodução Embrapa