“Qual seria o tamanho de um tanque de água para 60 animais?”, foi a pergunta enviada ao Giro do Boi por Fábio Silva, de Irituia-PA.
O produtor foi atendido pelo médico veterinário especialista no assunto Fernando Loureiro. “O que você pode considerar ideal para o lote de 60 animais é um bebedouro que 50 litros para cada cabeça. 60 animais x 50 litros vai dar 3.000 litros por dia, então um bebedouro de 1000 litros, eu diria, é mais do que suficiente. Se o sistema de produção for mais intensivo, se não tiver problema no processo e não tiver problema de encanamento e boa vazão de água, eu diria que pode ser um bebedouro de 750, 800 litros”, respondeu Loureiro.
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O veterinário explicou a recomendação. “O adequado é o bebedouro ter uma razão de 40 a 50 litros por animal, podendo, em manejos mais intensivos, trabalhar com 25% da necessidade total diária do lote. Assim o bebedouro já é de bom tamanho, desde que atenda à condição de perímetro. Eu gosto de trabalhar com 25 animais para cada metro de linha de frente”, revelou.
“Na grande maioria dos casos, via de regra, o recomendado é quatro centímetros de linha de frente (por cabeça), de perímetro do bebedouro para o animal, ou 25 animais por metro de frente. Isso vai ser usado na grande maioria dos casos sem problemas, mas podem ter outras variáveis impactando na definição do tamanho do bebedouro”, ponderou.
“Uma delas é se você tem um reservatório central, uma caixa d’água bem grande para abastecer continuamente esses bebedouros ou se depende da água do dia, via roda d’água, também da gravidade, a espessura do cano, casos em que pode chegar pouca água e não ter uma reserva por muitos dias”, apontou.
“Outra questão a ser considerada é a vazão de água – se você consegue repor a água toda do bebedouro num período de quatro horas, aquelas quatro horas mais quentes do dia, que é das 10h às 14h ou até mesmo das 11h às 15h conforme a região. E é o horário mais quente quando todos os animais que compõem o lote irão beber pelo menos 50% da necessidade de água do dia. Se a gente estima que os animais estão bebendo, por exemplo, 40 litros por dia, eles vão beber 20 litros nessas quatro horas. E não é que eles vão beber cinco litros, depois parar e voltar para beber mais cinco. Eles vão beber os 20 litros muitas vezes em uma visita ao bebedouro! Então a gente precisa ter o bebedouro que atenda 50% da necessidade do lote com uma taxa de vazão, de reposição do bebedouro. bastante grande. Ou seja, se o bebedouro está sendo reposto por exemplo, 1.000 litros por hora, 1.200 litros por hora, ou somente 400 litros por hora. Tem que ser medida a vazão da chegada de água”, sustentou.
Loureiro observou que a necessidade do tamanho do reservatório varia conforme o sistema de produção. Em engordas mais intensivas, de modo geral, o bebedouro pode ser menor. “Varia se os animais estão em pastos grandes, mais extensivos, ou se o sistema é mais intensivo, tipo os rotacionados, em que os animais caminham distâncias menores para chegar ao bebedouro. Se eles têm que caminhar 400 metros ou mais, eles andam em grupos grandes, o lote todo junto, e vão todos os animais ao bebedouro. Nesse caso, o bebedouro tem que ser maior para poder comportar um maior número de animais. Mas se os animais caminham 400 metros ou menos, […] o lote até pode ser grande, com bastante animais, mas eles vão se subdividir em vários lotes e virão várias vezes ao bebedouro durante o dia beber água. Aí nesse caso o bebedouro pode ser menor, porque virá um menor número de animais por vez para beber água”, justificou.
“Essa conta de quatro centímetros por cabeça, então, é uma regra geral. A gente deve levar em conta também a condição da fazenda, não só do reservatório, mas também os riscos iminentes, se a água é bombeada via bomba elétrica e tem constantemente o risco de falta de energia, casos em que é aconselhável ter uma reserva para mais dias. Se a fazenda não tem essa reserva, é interessante que o bebedouro seja maior”, especificou.
“Outra conta importante é que é sempre favorável preferível pecar pelo excesso, tendo bebedouros maiores, do que bebedouros muito pequenos e vir a faltar água em alguns horários que o lote todo venha”, afirmou.
Fernando comentou que as dimensões do bebedouro devem variar também de acordo com a categoria animal. “Se a fazenda, o sítio, a propriedade trabalha com lotes de dez animais, a gente faz a estimativa desses dez animais conforme a categoria também, se é garrote, novilha, boi, vaca parida. Eu lembro que a vaca parida bebe mais água, tem necessidade inclusive maior do que touros e bois muito pesados porque ela está produzindo leite, ela está gerando muitas vezes um bezerro no seu ventre, no seu útero, então a necessidade é maior”, esclareceu.
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“Outro fator importante para colocar na equação é o clima. Se você está aí no Pará, com temperaturas bastante elevadas, um garrote de 300 quilos tem uma necessidade maior de água do que um animal que está no Sul do País, onde há temperaturas mais amenas. Nos períodos de inverno, quando as temperaturas caem, a necessidade também se altera, mas a gente tem que lembrar que, no Brasil, mesmo no inverno, a gente também tem dias muito quentes”, disse.
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O veterinário também declarou que estruturas grandes demais não são desejáveis. “Volto a dizer: é sempre preferível estimar para mais, mas também não é interessante os bebedouros muito grandes, de dez mil litros, 12 mil ou até mesmo 20 mil litros, que a gente vê nas fazendas. Isso dificulta muito o processo de limpeza. Acaba se limpando, lavando o bebedouro com menos frequência e a água ficando suja, o lodo armazenado no fundo uma vez que o bebedouro é muito grande e tem muita água para se desperdiçar no momento da limpeza”, explanou.
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Pelo player a seguir, é possível acompanhar a resposta completa de Fernando Loureiro: