Um telespectador do município de Lunardelli, no Paraná, está em dúvida sobre qual raça escolher para inseminar as novilhas F1 Nelore x Angus que tem em seu plantel. O questionamento foi direcionado ao médico veterinário e consultor Ademir Ribeiro, da Estância Espora de Prata, em Ariquemes-RO, idealizador do Programa Touro Zero.
O especialista lembrou que o criador pode aproveitar a alta fertilidade impressa em fêmeas cruzadas de Angus. “A meio-sangue Angus, por exemplo, é altamente fértil. De 12 para 14 meses, com duas inseminações, você consegue até 85% de prenhez. É fantástico!”, destacou.
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O veterinário disse que o criador deve tomar cuidado caso o manejo reprodutivo escolhido seja a monta natural, sobretudo se ele for usar um zebuíno, por conta de possível problema de parte, a distocia. “Agora o que utilizar nelas? Se você não for inseminar, tome cuidado com o Zebu na primeira cria. Você pode usar o Zebu depois, a partir da segunda cria, porque a novilhinha ainda não tem uma pelve aberta, dilatada, e você pode ter problema de enroscar esses bezerros Zebu e ter um prejuízo grande. Se for utilizar o touro taurino adaptado, tipo Senepol ou Caracu, os nascimentos são tranquilos e você não vai ter problema porque você vai estar emprenhando essa meio-sangue Angus, por exemplo, de 12 para 14 meses, aproveitando essa fertilidade que ela tem”, apontou.
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Caso a opção seja de fato a inseminação artificial, o criador ganha alternativas, como apontou Ribeiro, sempre lembrando de selecionar reprodutores com DEP negativa para nascimento para reduzir o risco de problemas de parto. “E se for inseminar, pensando em produzir um tricross, você vai pensar também numa heterose, um choque de sangue. Nós temos utilizado aqui o Black Simental com um bom resultado, tem também o Charolês, que nós usamos na inseminação. Você pode utilizar também Limousin e tem várias outras raças. Você vai pegar DEP negativa para o nascimento e vai ter sucesso”, indicou.
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No entanto, o produtor ganha dois desafios principais ao levar adiante a produção do tricross, sendo o primeiro deles o sanitário. “Agora o que eu recomendo para o pecuarista que pensa em emprenhar suas meio-sangue Angus? Quando você apura esse bezerro para 75% europeu, você cria desafios na sua fazenda. O primeiro é sanidade. Você precisa, no momento que ele nasce, fazer todo um controle na maternidade para você não ter problema da tristeza parasitária, a babésia (protozoários transmitidos por carrapatos), anaplasma. Isso é um problema. Procurar utilizar uma estação de monta de primavera/verão para nascer na seca e você vai ter menos risco. Mas mesmo assim fazer todo o controle na sua maternidade”, sustentou.
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O segundo desafio do criador que escolhe produzir o tricross é o nutricional pela exigência maior do animais que tem 75% de sangue europeu. ““E eu só recomendo produzir o tricross para aquele pecuarista que está organizado com nutrição. Além da sanidade, a nutrição, porque você apurou demais a genética. Então você precisa ter creep feeding, você precisa ter o RIP, que é a recria intensiva a pasto e, se for terminar, que seja no confinamento a pasto, que é a TIP, terminação intensiva a pasto. Para os tricross, tem que fazer esse processo. O certo é o que nós fazemos aqui: terminar em confinamento nos últimos 90 a 100 dias. Tem que ser no confinamento. O seu desafio fica gigante dentro da fazenda. Então cuidado em produzir o tricross”, advertiu.
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Mas não são apenas desafios que o produtor tem ao produzir o tricross. O consultor listou ainda os benefícios que o animal 75% europeu traz para o sistema produtivo bem ajustado. “Mas quais as vantagens? Você pode desmamar os bezerros com 60 a 70 dias de vida, fazer a desmama precoce. Existem vários protocolos, você já entra com uma ração e você ainda consegue abater essa meio-sangue Angus como carne premium. O programa 1953, de carne premium do Friboi, por exemplo, aceita fêmeas com até quatro dentes. Você vai desmamar o bezerro dela, mandar para o cocho, ela vai estar com 30 meses, 31 meses, e você vai ganhar como carne premium esse bezerro tricross, que vai terminar como carne premium, e vai abater também a fêmea como carne premium”, salientou.
Qual é a sua dúvida sobre cruzamento para gado de corte? Envie para o programa no link do Whatsapp do Giro do Boi, pelo número (11) 9 5637 6922 ou ainda pelo e-mail [email protected].
Confira a resposta completa do especialista ao criador paranaense pelo vídeo a seguir: