O telespectador Túlio, que enviou sua mensagem ao Giro do Boi direto de Caicó, no Rio Grande do Norte, tem uma série de dúvidas sobre a hidratação do seu rebanho. Ele quer saber qual a quantidade de água deve ser servida por dia para animais de dez arrobas de peso médio, perguntou como calcular o tamanho do reservatório para atender um piquete com 200 cabeças e ainda se existe uma distância máxima ideal entre o fundo do pasto e o bebedouro pra que os animais não percam peso com a locomoção.
Foi o médico veterinário Fernando Loureiro, especialista em água para bovinos, que respondeu os questionamentos do criador.
Loureiro explicou que, em média, um animal bebe 10% do seu peso vivo de água diariamente. “Com dez arrobas, que seriam 300 quilos aproximadamente no peso vivo, o animal irá beber, em média, dependendo da categoria – se é vaca de produção, se é um touro, um boi castrado para produção de carne – 10% do peso vivo dele, ou, neste caso, 30 litros. […] Se fossem 400 quilos, a gente iria fazer uma estimativa média de 40 litros. Já os animais de 180 quilos, bezerros desmamando, em torno de 18 litros”, ilustrou.
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O veterinário explicou outros fatores que influenciam na variação do consumo para que o produtor esteja atento às condições que podem elevar a demanda pelo gado. “Isso vai depender também de outros fatores. Um deles é a temperatura média do dia. No Rio Grande do Norte, a gente espera que tenha temperaturas quentes o ano todo e que não seja um inverno rigoroso. Mas é lógico que tem dias que de manhã cedo ou de tardezinha está mais fresco, mais frio e tem mais vento e isso vai acarretar numa mudança de consumo dos animais”, ponderou.
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Fernando informou que a dieta do gado também tem impacto no consumo de água. “Pelo nível de produção que se espera, o que esses animais estão recebendo para comer, se é pasto e sal mineral, se é pasto e um proteinado ou uma ração concentrada, tudo isso altera um pouco a quantidade. Mas principalmente o clima afeta – temperatura, ventos, o estágio da pastagem vão interferir”, reforçou.
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“A composição da água que você capta também tem influência. Se essa água tem alguma incidência de ser salobra, uma incidência maior de minerais ou não, teor de sal da água… Isso vai alterar o consumo, a ingestão voluntária de água desses animais”, acrescentou.
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O especialista esclareceu ainda como o pecuarista nordestino pode calcular o tamanho do reservatório que precisa ter para atender 200 cabeças de gado. “Vamos supor que o animal de dez arrobas, que são 300 quilos de peso vivo, esteja bebendo em média 30 litros por dia. A nossa recomendação é que o reservatório tenha capacidade para armazenar, no mínimo, cinco dias. Então cada animal dependerá de 150 litros reservados. E aí, se a gente botar os 200 animais do lote, a gente vai fazer a conta simples, 150 litros x 200 cabeças, e aí serão 30.000 litros. Um reservatório de 30.000 litros atende bem 200 animais durante os cinco dias”, calculou.
O veterinário ainda justificou suas contas. “E por que cinco dias? É o tempo necessário de diagnosticar, ficar sabendo se houve um problema de queda de energia elétrica para funcionar a bomba que capta essa água, se houve algum problema de encanamento quebrado, estourado, ou boia, bebedouro… E aí esses cinco dias dão uma margem de tempo para equacionar e resolver esse problema”, sustentou.
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O especialista também confirmou, que há, sim, uma distância máxima ideal entre o fundo do piquete (ponto mais longe) e o bebedouro de água do gado. “A estimativa dos estudos, dos trabalhos científicos já publicados, é que os animais devem caminhar no máximo 400 metros lá do fundo, do ponto mais longe do pasto, até o bebedouro. Caminhando 400 metros até lá e voltando, ele não está prejudicando o desempenho dele. Algumas vezes, os pastos são muito compridos ou têm um declive muito grande, morro, e isso pode alterar um pouco. Mas os animais que caminham mais de 400 metros, por exemplo, 800 metros ou um quilômetro para chegar até a água já têm o desempenho comprometido. Aquele capim, aquele suplemento que eles comem para o ganho de peso, uma parte vai ser perdida porque eles perdem energia se deslocando para ir beber água”, alertou.
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Qual é a sua dúvida sobre qualidade da água para gado de corte? Envie para o Whatsapp do Giro do Boi, pelo número (11) 9 5637 6922 ou ainda pelo e-mail [email protected].
Veja a participação completa de Fernando Loureiro no Giro do Boi desta sexta, 14: