Nesta terça, 10, o Giro do Boi levou ao ar entrevista com o zootecnista Yuri Farjalla, mestre em ciência animal e pastagens pela Esalq, membro do colégio de jurados da ABCZ e consultor da ANCP, a Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores, além de diretor da Aval Serviços e Tecnologias, empresa que atua na área de ultrassonografia de carcaças.
O especialista falou sobre a evolução de seleção genética dos animais zebuínos no Brasil, que têm impacto expressivo na nossa pecuária, haja visto que 80% rebanho nacional é composto pelo Nelore. Uma das grandes novidades que já está impactando neste processo é a avaliação de eficiência alimentar, ou seja, as pesquisas para encontrar animais que convertem uma quantidade menor de alimentos para produzir mais quilos de carne. Segundo Farjalla, as primeiras experiências já se dão conta de que a característica traz um retorno econômico tão expressivo quanto a fertilidade para um rebanho.
“Eficiência alimentar em zebuíno foi o tema do meu trabalho de mestrado lá em 2007. E desde lá a gente vem observando que o impacto desta característica no sistema de produção é impressionante. Estão sendo feitos estudos, o pessoal da ANCP está estudando a forma do impacto econômico disso, que em breve vai se tornar uma característica que entrará no mérito genético, o índice de seleção do programa. Nós acreditamos que o retorno econômico está muito perto da fertilidade, para que se tenha ideia do impacto. Então é uma característica que nós temos defendido, temos divulgado, temos sugerido para os nossos clientes incluir como critério de seleção”, afirmou o zootecnista.
Farjalla afirmou que as pesquisas já indicaram animais contemporâneos com diferença de 12 kg de consumo diário entre si (de 3 kg para 15 kg) para converter em um quilo de ganho. “Então a partir de agora o interessante é que o animal seja fértil, precoce sexualmente, com velocidade de ganho de peso, qualidade de carcaça e com baixo consumo. Este é o Zebu eficiente”, resumiu.
Farjalla falou também sobre a evolução o uso da ultrassonografia de carcaça na busca por estes animais eficientes. “São três características possíveis de serem avaliadas através do ultrassom, que é a espessura de gordura subcutânea, que nesta idade é uma avaliação de precocidade, de acabamento. O objetivo é identificar no grupo quais são os animais que já têm deposição e o quanto. Porcentagem de gordura intramuscular, que é o marmoreio, que está relacionado à suculência, sabor ao consumir, mas não à maciez. E a terceira característica é área de olho de lombo, que é o tamanho do contrafilé, que tem impacto no peso da carcaça e consequentemente no rendimento ao abate e à desossa”, listou.
“O ultrassom veio modernizar, trazer eficiência na identificação destas características de carcaça”, acrescentou Yuri. Depois de praticamente 17 anos de aplicação da tecnologia em rebanhos comerciais, o banco de dados permitiu que programas de seleção como o próprio ANCP e posteriormente Geneplus, PMGZ e programas de Ceip utilizem até cinco DEPs (área de olho de lombo, espessura de gordura subcutânea, marmoreio, peso de carcaça quente e porção comestível) a partir da tecnologia para encontrar reprodutores eficientes.
“Se o criador usar a informação como critério de seleção e orientar os seus acasalamentos de forma correta, já na próxima geração ele tem um ganho genético, um ganho econômico significativo para estas características”, destacou.
Veja a entrevista completa pelo vídeo abaixo:
Foto: Reprodução / Facebook ANCP