Nesta terça, 12, o Giro do Boi recebeu em estúdio o engenheiro agrônomo e diretor da Athenagro Pecuária, a divisão de pecuária da Agroconsult, Maurício Palma Nogueira. Em um dos dois blocos de entrevista concedida ao apresentador Mauro Sérgio Ortega, o consultor falou sobre os impactos da greve dos caminhoneiros para o setor produtivo brasileiro e também indicou as lições que a população pode tirar de toda a situação.
O agrônomo listou como leve a influência da paralisação na segunda safra de milho e na soja; como moderado a grave o impacto nas culturas de cana-de-açúcar e milho safrinha; entre grave e gravíssimos os problemas para a citricultura e também para o setor de proteínas.
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Dentro do setor de proteínas, a pecuária de corte menos intensiva teve prejuízos menores. “Não quer dizer que seja melhor ficar com baixa tecnologia, foi um caso momentâneo”, ponderou Nogueira. Já as cadeias da avicultura e suinocultura foram mais afetadas pela greve.
No caso da pecuária intensiva, ainda que não haja mortandade de animais, como nas cadeias concorrentes, haverá um impacto no resultado da operação. Alguns confinamentos tiveram que mudar a dieta, o que pode levar a perdas de desempenho e, consequentemente, de resultado financeiro.
“É legítima a solicitação dos caminhoneiros, a paralisação. Eles foram defender um problema que estão enfrentando há anos, que é muito parecido com o do agronegócio. O que foi pedido já não é interessante, mas aí vem da cabeça do brasileiro achar que o governo tem que intervir. Por exemplo, tabelar o frete não tem sentido nenhum. Não vai dar certo, não tem como ir por essa alternativa. Não sei quais são as soluções, mas teriam que ser pensadas de uma maneira mais inteligente. E se a gente tiver um pouco de inteligência e consciência para analisar tudo isso, vai mostrar para a gente de fora do nosso setor o tanto que nós somos inadequados do ponto de vista logístico. Bastou quatro dias para a gente parar tudo, para esvaziar as gôndolas. O Brasil é um país extremamente despreparado do ponto de vista logístico”, classificou o consultor.
“O diesel é muito caro mesmo porque tem uma carga tributária enorme. Como você faria para resolver este problema? Diminuindo a carga, diminuindo o custo e as ineficiências do estado. Isto não se faz de uma hora pra outra. Se a gente começar a refletir isto como sociedade, está aí um grande aprendizado que a gente teve”, acrescentou.
Veja abaixo a entrevista de Maurício Palma Nogueira sobre a greve dos caminhoneiros:
Foto: Arquivo / Agência Brasil