Em 1961, pecuarista Jacintho Ferreira de Sá montou estrutura pioneira em Ourinhos e revolucionou a engorda de bovinos no cocho
Você sabia que o primeiro confinamento bovino do Brasil foi construído em 1961, no interior de São Paulo? Pois é! A estrutura pioneira surgiu na Fazenda Chumbeada, em Ourinhos, pelas mãos do pecuarista Jacintho Ferreira de Sá. A história, registrada por uma revista rural de 1962, foi relembrada no Giro do Boi em uma entrevista com Fábio Sá, filho do criador e atual gestor dos negócios da família. Veja o vídeo:
Segundo Fábio, a família nem sabia da importância histórica do confinamento até a publicação mostrar que o projeto foi feito 11 anos antes do primeiro confinamento registrado em Goiás. Sem nenhuma pretensão de ser pioneiro, Jacintho apenas queria evitar a perda de peso do rebanho na seca, complementando a alimentação dos bois no cocho.
Na época, a estrutura foi montada com cobertura, pois não se sabia ainda que o gado podia ser confinado a céu aberto. Para evitar atolamentos, eram usadas cascas de amendoim, e o esterco acumulado era aplicado nas lavouras de café. A operação era intensa: cada mil bois geravam 500 cargas de esterco, que eram reaproveitadas como adubo natural.
Estrutura concretada virou diferencial e fonte de renda
Com o tempo, a estrutura foi adaptada. Jacintho percebeu que não era necessário cobrir os currais e investiu na concretagem completa da área de confinamento. Isso permitiu maior facilidade na coleta de esterco, que hoje é vendido puro para estufas e lavouras, inclusive com maior valor agregado que o de aves. “É um produto procurado e que ajuda a reduzir custos”, explica Fábio.
Além da inovação na nutrição e na gestão de resíduos, a história mostra o alto nível de profissionalismo da família, que já naquela época integrava pecuária e agricultura de forma sustentável. O local onde funcionava o confinamento hoje deu lugar a um bairro nobre de Ourinhos, mas a tradição rural da família continua viva do outro lado da cidade, na Fazenda das Furnas.
A trajetória de Jacintho Ferreira de Sá serve como inspiração para produtores de todo o país. O que começou com a vontade de evitar perdas virou referência nacional. E o mais interessante: a venda de esterco continua sendo um negócio lucrativo que complementa a renda da fazenda até hoje.