O pecuarista Daniel Silva, de Coxim, no Mato Grosso do Sul, a terra do pé de Cedro, está com um problema em seus piquetes. “Ele fez um plantio de MG5, que é uma Brachiaria brizantha, com Dictyoneura. Misturou os dois e fez o plantio. E o que está acontecendo? O gado entrou no pasto para comer e na hora que o gado pega o feixe de capim na boca e levanta a cabeça, está saindo com raiz e tudo […]. É um terreno muito pedregoso, tem muita pedra”, narrou o engenheiro agrônomo Wagner Pires, pós-graduado em pastagens pela Esalq-USP e consultor do Circuito da Pecuária Wagner Pires, autor do livro “Pastagem Sustentável de A a Z.
Segundo o consultor, as pedras no terreno não significam, necessariamente, que o capim não possa se desenvolver. O problema das pedras a ser observado está debaixo da superfície do solo. “O fato de ter pedra na área não quer dizer nada. A raiz pode aprofundar perfeitamente do mesmo jeito. A única coisa que você deve observar é se não existe uma laje de compactação nesta área, ou uma laje de pedra, que não deixa a raiz afundar. Então eu recomendaria que você abrisse um buraco, que a gente chama de trincheira, você começa a abrir o buraco para ver o perfil do solo de zero a dez, de dez a 20, de 20 a 30, 30 a 40. Uns 40 cm que você abrir e cavar são suficientes. […] Se a raiz afundar 40 cm, o boi já não vai mais arrancar a planta. Agora tem que ver se ela está descendo. Este é um fator, um fator físico: pode ter uma laje com 5 a 10 cm e a raiz não consegue aprofundar”, apontou Pires.
Neste caso, o consultor ponderou que a solução é dar tempo para o capim crescer. “Se tiver isso, não vai ter jeito. No máximo o que você pode trabalhar seria com uma grama ou aguardar mesmo o sistema radicular se firmar no chão nesta camada bem superficial”, indicou.
Além da barreira física, existe um fator químico do solo que pode estar prejudicando o pasto do pecuarista em Coxim. “Outro fator que pode provocar esta questão da raiz não aprofundar é a acidez do solo. Quando você tem uma camada de solo com acidez, a raiz não afunda, aí você vai ter que fazer uma análise de solo para verificar isso aí. Faça uma análise de zero a 20 e uma análise de 20 a 40 para verificar se tem isso e aí vamos jogar um calcário e vamos corrigir esta acidez”, aconselhou.
“O gesso ajuda muito no aprofundamento da raiz. O gesso não corrige acidez. O gesso é uma fonte de cálcio e enxofre muito boa e ele desce e arrasta a raiz para baixo, alguns nutrientes, entre eles o potássio. Existe um cálculo para ser feito que você deve consultar os técnicos das empresas para poder orientar você na dosagem do gesso”, apontou.
O agrônomo disse que embora seja uma característica da Dictyoneura um sistema radicular menos profundo, o problema de ela ser arrancada do solo não deve ocorrer. “É uma planta de sistema radicular mais superficial porque ela é estolonífera, então ela fica mais na superfície. Mas não é para acontecer isso, de o gado sair arrancando. É só se a raiz não tiver aprofundando”, explicou.
“O MG5 já tem raiz mais profunda e ele vai demorar um pouquinho mais, mas ele vai se firmando. Então procure verificar questão da acidez e questão da laje (de compactação). São as duas situações que podem ocorrer”, resumiu.
O especialista em pastagem fez mais uma recomendação ao produtor. “Daniel, evite misturar capim, que não é bom para o gado”, finalizou.
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Veja a resposta completa de Wagner Pires no vídeo abaixo: