Pesquisador orienta pecuarista sobre produtividade de pasto em região alta, fria e íngreme

Produtor de Lima Duarte-MG busca reduzir custo com silagem em meio à entressafra; agrônomo faz recomendações sobre diferimento e adubação de pasto

O Giro do Boi desta quinta, 26, foi produzido com ajuda do telespectador Márcio Pinheiro, produtor na região de Lima Duarte, no estado de Minas Gerais. Pinheiro explicou que sua propriedade está localizada em uma área alta, a cerca de 1.300 metros de altitude, declivosa e fria durante o inverno. Em maio à estação, está sujeita, inclusive, a geadas. Na volta das chuvas, o capim (braquiarão) demora a rebrotar e só se estabelece por volta do final do ano, entre novembro e dezembro.

Para alimentar suas vacas de cria nesta época do ano, o pecuarista lança mão de silagem por um período muito prolongado, elevando seus custos. “Eu gostaria de saber o que vocês sugerem principalmente para aumentar a produtividade no verão a ponto de eu poder reservar alguma área, deixar para um pastejo, um feno em pé, no início do inverno e assim retardar a entrada da silagem”, indagou Pinheiro.

Quem respondeu à dúvida foi o engenheiro agrônomo e doutor em ciência animal e pastagens pela USP, André Fischer Sbrissia, professor da Udesc, de Santa Catarina. “Considerando o cenário, primeiro: ele não tem como escapar do inverno longe do uso de suplementos ou alimento conservado, como feno ou silagem, por exemplo, ou fazer uso de diferimento de pasto. Então planta de inverno não é uma solução para ele. […] Uma solução mais de baixo custo para o Márcio é o diferimento. Como ele trabalha com vacas de cria uma solução para ele seria isolar áreas do pasto a partir de março e abril e diferir estas áreas por pelo menos 80 a 100 dias para começar a usar este pasto lá por junho e julho” recomendou o agrônomo.

O professor afirmou ainda que é possível fazer a adubação nitrogenada das áreas no início do isolamento para aumentar a produção de massa, possibilitando estender o período de uso do feno em pé. Pela qualidade inferior deste capim, Fischer salientou que é necessário usar certa suplementação proteica para ajudar o gado em meio à entressafra.

Outra técnica que pode ajudar o pecuarista para antecipar o rebrote do capim é fazer adubação nitrogenada logo depois do fim do inverno. Embora Márcio tenha afirmado que tem impressão de que as águas fazem o adubo escorrer por conta da declividade do terreno, o pesquisador indicou que uma roçada deste capim ao final do inverno pode ajudar a fixar o adubo.

Fischer indicou também uma análise de solo para decidir pelo melhor capim para a propriedade. De maneira geral, não se recomenda plantas de porte alto para áreas declivosas (casos do Mombaça, Tanzânia, Capim Elefante, por exemplo), que facilitam que água e nutrientes escorram morro baixo. Caso a terra seja fértil, é possível usar o Tifton, capim mais exigente, mas também mais tolerante ao frio.

Veja as recomendações do professor da Udesc na íntegra no vídeo abaixo:

Foto ilustrativa: Reprodução / Saeg-ES