O doutor em zootecnia João Benatti, gerente de Produtos para Ruminantes da Trouw Nutrition, foi o entrevistado do programa Giro do Boi, desta terça-feira, 12. Ele falou dos detalhes de uma pesquisa que está sendo feita para definir qual a melhor estratégia nutricional para bezerros durante a desmama e qual o seu efeito na hora do abate do animal.
A questão é uma das lacunas que ainda falta ser respondida pela ciência sobre o sistema de ‘creep-feeding’ (lê-se ‘críp fíding’), termo em inglês para a estrutura montada nas fazendas de cria, na qual somente os bezerros têm acesso a uma suplementação especial, ainda no período de amamentação. O estudo está sendo feito em parceria entre a Trouw e a equipe de pesquisadores da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), localizada em Colina (SP), e que responde à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado.
A ideia é unir esse sistema ao chamado “Boi 7-7-7”, desenvolvido pela APTA, método que tem como conceito principal objetivo a redução da idade de abate e aumento do ganho de peso da carcaça. A tecnologia envolvida no processo permite abater um boi com 21 arrobas em, no máximo, dois anos.
“Essa lacuna precisa ser preenchida o mais rápido possível porque a gente fala muito de creep-feeding, mas o mercado sabe muito pouco como esse sistema afeta o animal”, explica Benatti.
Na busca por respostas
O estudo quer responder com clareza ao produtor o quanto o sistema de creep-feeding pode render para o criador de bezerro. Segundo o especialista, sabe-se que o produtor faz a suplementação, conseguindo até uma arroba a mais na desmama, o que valoriza bastante a venda dos animais quando deixam a mãe, mercado tradicionalmente interessante já que o gado é vendido no quilo vivo, ou seja, quanto mais pesado o bezerro mais caro ele será.
No entanto, a dúvida recai sobre o momento da venda do bezerro para o recriador ou terminador, se o animal manterá o peso e engordará mais, ou poderá sofrer com a transferência do criador para o recriador.
“Outra dúvida que a pesquisa deve responder é no caso do alívio das fêmeas. Se, de fato, a administração de concentrado para os bezerros influencia em menor exigência do leite da vaca, e se até influi em menor produção de leite. É um experimento muito completo que vem responder todas as dúvidas do produtor”, diz Benatti.
Etapas e custo
O plano é que até o ano que vem o estudo seja concluído, incluindo a avaliação das carcaças na hora do abate. O lote de vacas pariu em outubro do ano passado e, em dezembro, a bezerrada já passou para a estrutura do creep-feeding.
Agora em maio, a bezerrada será desmamada, segundo Benatti, e deverão seguir para dois tipos de terminação. Uma com uma base nutricional básica e outra com uma dieta mais exigente e intensiva a pasto.
“Os números devem variar, mas no geral, vamos gastar cerca de R$ 200 para o creep-feeding para ter um retorno de R$ 400 que é a arroba do bezerro. Então é um retorno muito bom”, explica o especialista.
Confira na íntegra a entrevista no vídeo abaixo: