Pesquisa atesta que animal bem adaptado ao confinamento ganha mais peso e tem maior rendimento de carcaça

Estudo feito em fazenda do MT com bovinos de mesma condição de cria e recria apontou que GMD pode ser 240g maior nos lotes adaptados; veja as dicas de manejo

Uma pesquisa desenvolvida recentemente pelo professor da Unesp Reinaldo Fernandes Cooke em parceria com a professora da UFMT Fernanda Macitelli, integrante também do Grupo Etco, analisou os efeitos da adaptação de bovinos ao entrar em confinamento e apontou que animais bem familiarizados com o ambiente ganham mais peso e têm rendimento de carcaça superior.

O estudo analisou os resultados zootécnicos na engorda de 900 cabeças confinadas em uma fazenda de Rondonópolis-MT, todos machos Nelore inteiros de 30 meses e peso inicial médio de 390 kg, e apontou que indivíduos bem adaptados ganharam uma média de 240g a mais de peso por dia no cocho e, ao final, tiveram rendimento de carcaça de 56,45% contra 55,3% do grupo não adaptado.

De acordo com Macitelli, as principais fontes de estresse são:

– Mudança brusca no estilo de vida;
– Exposição a um ambiente diferente (frio, calor, vento);
– Medo, angústia, dor;
– Fome, sede;
– Densidade, poeira, barulho, entre outros.

Ainda segundo a pesquisadora, o transporte é a principal fonte deste estresse. “Mesmo a gente dando algumas paradas com os animais e dando descanso, isso melhora o estresse, mas não faz muda o fato de o animal ter um menor desempenho na fazenda”, confirmou. No estudo, descobriu-se que este estresse do transporte é o equivalente a deixar os animais por 24h sem água e comida, pois animais em ambas as situações tem a mesma queda de produtividade.

Entre as dicas para melhorar a adaptação destes bovinos ao cocho, estão períodos de descanso entre 24h (para viagens de cerca de 6h) e 48h (para viagens mais longas) antes de formar os lotes depois de os animais chegarem ao novo confinamento. Macitelli acrescentou que este período é importante para os animais inclusive recuperarem a imunidade para poderem responder ao protocolo sanitário.

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Os bovinos precisam estar acostumados com os novos barulhos, uma nova hierarquia e à estrutura, como os bebedouros (lembrando que muitos bois criados a campo não bebem água em bebedouro) e cocho. Além disso, os animais devem descansar, ficar juntos com outros bois familiares por algum tempo antes de ir aos piquetes e receber uma dieta de adaptação para a flora ruminal estar preparada para a dieta intensiva. “Uma ótima alimentação não será bem utilizada pelos animais que não estiverem com os hormônios funcionando normalmente”, acrescentou Macitelli.

A adaptação também fez diferença na qualidade de carne. “O processo de reduzir o estresse resultou em uma carne mais macia”, afirmou a pesquisadora. Nas análises, os animais adaptados tiveram carne de pH mais baixo, o que foi atestado pela Unicamp, e também apresentaram menor quantidade de hematomas.

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Veja a entrevista completa e os resultados da pesquisa no vídeo abaixo: