CONTROLE DE PRAGAS

Percevejo-das-pastagens: pecuarista que perdeu a batalha, agora conta com solução para voltar a produzir

Após perder 100% dos pastos para o percevejo-das-pastagens, produtor do Pará vê pastagem renascer com solução biológica eficaz. Assista ao vídeo

Percevejo-das-pastagens: pecuarista que perdeu a batalha, agora conta com solução para voltar a produzir
Percevejo-das-pastagens: pecuarista que perdeu a batalha, agora conta com solução para voltar a produzir

O terror dos pecuaristas da Amazônia tem nome: percevejo-das-pastagens. Esse pequeno inseto, com cerca de 4 milímetros, foi o responsável por dizimar até 700 hectares de pasto em uma única fazenda no Pará. Mas o que parecia ser o fim da produção pecuária na região agora dá lugar a uma nova fase: há solução no controle da praga, e ela já está funcionando no campo. Assista ao vídeo abaixo e confira.

O alerta e a boa notícia vieram de Salim Jacaúna de Souza Junior, mestre e doutor pela Esalq, professor da Faculdade de Engenharia Agronômica da Universidade Federal do Pará (UFPA), campus Altamira.

Ele lidera uma força-tarefa científica e técnica para combater a praga e ajudar produtores a recuperar suas áreas de pastagem. Salim conta também com a ajuda do também doutor pela Esalq, o professor José Wilson Pereira.

O drama que virou realidade no Pará

Área de pasto dizimada pela infestação de percevejos-das-pastagens. Foto: Divulgação
Área de pasto dizimada pela infestação de percevejos-das-pastagens. Foto: Divulgação

Embora já houvesse registros do inseto no Brasil desde a década de 1970, foi somente nos últimos anos que o percevejo-das-pastagens começou a se espalhar com força total, especialmente após verões secos severos e o acúmulo de gado nas propriedades devido à queda no preço da arroba.

“Houve fazendas que perderam tudo. Pastos dizimados, rebanhos vendidos às pressas, produtores sem alternativa”, relata o professor Salim.

A sucção da seiva do capim pelo percevejo impede a recuperação da planta, transformando áreas produtivas em terrenos estéreis.

Além do impacto econômico, há ainda o prejuízo ambiental, já que a pastagem exerce papel importante no sequestro de carbono e na proteção do solo.

A saída: controle biológico com resultado em 20 dias

Evolução do tratamento biológico para o controle do percevejo-das-pastagens. Foto: Divulgação
Evolução do tratamento biológico para o controle do percevejo-das-pastagens. Foto: Divulgação

Depois de inúmeras tentativas frustradas com inseticidas químicos, a equipe da UFPA encontrou uma solução eficaz e sustentável: o uso do produto biológico Biotop, que contém quatro cepas de microrganismos que atuam diretamente sobre o percevejo.

“A resposta foi visível em apenas 20 dias. O capim voltou a germinar e a pastagem se recuperou com força”, comemora Salim.

A técnica, além de eficaz, também é perene no ambiente, pois os microrganismos se multiplicam naturalmente à medida que encontram a praga-alvo, formando uma barreira natural.

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A importância de agir rápido e com orientação

Detalhe do percevejo-das-pastagens. Foto: Divulgação
Detalhe do percevejo-das-pastagens. Foto: Divulgação

Salim alerta que o controle precisa ser integrado, associando o biológico a ações de recuperação da saúde do solo, nutrição da planta, boas práticas de manejo e, acima de tudo, informação técnica confiável.

Outro ponto essencial é a prevenção. O percevejo pode ser disseminado por sementes contaminadas ou mudas vegetativas, tornando essencial o uso de sementes de alta qualidade e a atenção a fontes de infestação externa.

“Muita gente ainda não reconhece o percevejo. Ele se alastra silenciosamente, e quando o produtor percebe, o estrago já está feito”, adverte o professor.

Um novo fôlego para a pecuária da Amazônia

Área depois do protocolo de controle do percevejo. Pastagem sadia e retornando o vigor, após aplicação. observe a árvore como referência ao fundo. Trabalho dos professores Dr. Salim Jacaúna e Dr. José Wilson, UFPA. Foto: Divulgação

O sucesso da tecnologia já despertou o interesse de produtores de outras regiões, inclusive em casos de cigarrinha e outras pragas de pastagem.

A recuperação rápida e a sustentabilidade do método reforçam o compromisso da universidade e dos pesquisadores com o avanço da pecuária brasileira.

“A guerra não está perdida. O produtor que perdeu o pasto pode voltar a produzir — e agora com ainda mais conhecimento e ferramentas sustentáveis à disposição”, conclui o professor.

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