Um projeto desenvolvido com colaboração entre a Embrapa, o governo da Holanda, o GTPS – Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável – e a ONG Solidaridad, uma organização internacional presente em 44 países, mapeou todos os desafios da pecuária de cria no Bioma Amazônico com o objetivo de aumentar a produtividade e a sustentabilidade dos pequenos produtores que integram o setor.
O projeto “Os Pequenos Grandes: desafios da pecuária de cria sustentável na Amazônia e o potencial dos Núcleos de Inovação e Aprendizagem (NIAs)” foi apresentado recentemente em São Paulo-SP para mostrar o plano de ação voltado à inserção destes produtores familiares na pecuária produtiva e foi também tema do Giro do Boi desta quarta, 03. A convidada para falar sobre a iniciativa foi a gerente de programas de cadeias de produção sustentável da ONG Solidaridad, Joyce Brandão.
Brandão comentou que um dos principais desafios dos pequenos produtores de bezerros, observados a partir de fazendas localizadas em Novo Repartimento, no estado do Pará, é a dificuldade para acessar tecnologias e assistência técnica qualificada. Para suprir esta lacuna, a ONG desenvolveu o modelo dos NIAs, que estarão estruturados para oferecer diversas soluções aos pecuaristas.
“A gente, com este estudo, chegou a uma proposta, levando em consideração este contexto amazônico, das distâncias e todas estes desafios, que a gente precisa ter núcleos de inovação e aprendizagem nas regiões produtoras. A partir do exemplo do trabalho que a gente desenvolve em Novo Repartimento, a gente chegou à conclusão de que precisa ter parcerias estratégicas, tanto de organizações de pesquisa e tecnologia, como de ONGs, que trazem também uma parte de conhecimento e facilitação deste encontro. A gente precisa ter parcerias privadas, empresas e indústria que também tragam fomento, investimentos para a gente poder sistematicamente organizar a assistência técnica, então o NIA tem como coração a assistência técnica qualificada e contínua”, explicou Joyce.
Para atingir os objetivos, várias ferramentas serão disponibilizadas para tanto para os extensionistas rurais que atenderão as propriedades quanto para os produtores, como, por exemplo, aplicativos para celulares que facilitam a coleta e processamento de dados para facilitar tomadas de decisão rumo ao cumprimento dos objetivos propostos.
Núcleos de Inovação e Aprendizagem (NIAs) – objetivos
– Otimização do uso de insumos;
– Melhoria no manejo da pastagem e rebanho;
– Recuperação de solos degradados;
– Conservação de floresta;
– Melhoramento genético do rebanho bovino;
– Diversificação da unidade produtiva;
– Melhoria da eficiência da pecuária de cria.
O ponto de partida para a produtividade dos produtores é a melhoria dos pastos. O programa levantou dados que indicaram que 60% das áreas de pastagem dos criadores da região estão em algum nível de degradação. “É a nossa primeira preocupação. Chegando lá, vamos olhar como está a pastagem. […] Na prática, a recuperação da pastagem degradada e o manejo de fertilidade incrementam a taxa de lotação, aumentam o desmame para poder melhorar o sequestro de carbono no solo a partir da própria pastagem e também aumenta a produtividade. Com isso a gente consegue reduzir as emissões”, reforçou.
A partir do aumento da produtividade das pastagens e também de boas práticas de uso de solo e conservação florestal, o projeto estima reduzir as emissões da pecuária de 4,8 toneladas de CO2 equivalente por hectare ao ano para 2,7 tCO2e/ ha/ano.
“É bem importante porque esse tipo de trabalho gera bastante transparência na cadeia para você conseguir ir cada vez mais qualificando a pecuária de cria na Amazônia, para trazer esse que a gente chama de ‘elo invisível da cadeia’ e que ele se torne visível. Isso traz mais segurança para a cadeia”, salientou.
Pelo link abaixo, é possível acessar o estudo completo e entender a atuação regional dos Núcleos de Inovação e Aprendizagem:
+ NIA: Núcleo de Inovação e Apredizagem para a Pecuária de Cria Sustentável
A entrevista completa com Joyce Brandão pode ser vista no player abaixo: