Pecuarista dá dicas para investir em gado precoce e ganhar bônus de até R$ 24/@

Pecuarista Carlos Furlan listou os fatores mais importantes para concluir a transição entre a pecuária mais tradicional para um sistema intensivo

Nesta sexta, dia 03, o Giro do Boi exibiu entrevista com o pecuarista Carlos Furlan, ex-presidente da Novilho Precoce MS e atual vice-tesoureiro da associação de produtores. Furlan falou sobre a importância do gado precoce para o resultado de sua propriedade, a Fazenda Natal, em Bandeirantes-MS.

Primeiramente Furlan lembrou que a produção de gado precoce serve não só ao pecuarista quanto ao mercado consumidor. Em seguida, lembrou da evolução do sistema da Fazenda Natal até chegar no modelo atual. “Hoje a minha propriedade é pequena e gente faz a recria e engorda. A gente iniciou (o processo) há cerca de quinze anos onde a gente fazia o animal mais adulto, tanto o macho como fêmea, e hoje a gente já está produzindo animal J0, J2 e alguns J4. Nós viemos de uma pecuária um pouco do ciclo longo e a vem aprimorando cada vez mais, tentando chegar àquele boi que era adulto para intermediário para J4, J2. O pensamento nosso é chegar em J0”, disse em suma.

REPOSIÇÃO

Conforme analisou Furlan, para fazer um animal que cada vez mais os mercados interno e externo pedem, os critérios na reposição e a nutrição são essenciais. “Esses animais são adquiridos de preferência com até 12 meses, em especial para aproveitar a Lista Trace. E com isso aproveitamos também a Cota Hilton. Então gente quer um animal que seja brincado até os dez meses de idade para depois ser abatido até os 30 meses”, detalhou.

Juntamente com o gado Nelore, a busca da Fazenda Natal pelo gado precoce está incluindo também a terminação de gado cruzando. “A gente está tendo uma resposta muito bacana”, aprovou o pecuarista.

RECONHECIMENTO

Em seguida, Furlan contou que teve ajuda da Embrapa para a escolha e implantação da capineira na fazenda. O sistema de pastejo escolhido foi o Voisin e a estrutura da fazenda contribui para o manejo racional, sendo composta por corredores, curral antiestresse e o próprio trabalho dos colaboradores voltado ao bem-estar do gado.

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Depois que o gado chega à fazenda, a dieta já recebe uma suplementação proteica. A justificativa é acelerar ciclo de produção. “Eu não me vejo hoje naquela pecuária mais antiga. Hoje eu procuro de colocar no meu animal, na arroba produzida, um pouquinho de ganho. Particularmente dizendo, eu quero uma uma gratificação pela associação do Novilho Precoce MS, eu quero uma gratificação pela Lista Trace, pela Cota Hilton. Além disso, mais alguma coisa específica que a indústria permite, como Sinal Verde”, sustentou.

Conforme o gado precoce vai chegando próximo ao ponto de abate, uma ração desempenha importante papel nos últimos 60 a 90 dias da fase de engorda. “Para ele dar aquele acabamento específico que nós precisamos e que a indústria precisa”, pontuou o produtor.

De acordo com Furlan, as premiações pela qualidade de carcaça e precocidade ganham relevância no valor final que recebe pelos animais. “Esse plus que a gente recebe paga todo esse custo que a gente tem”, observou.

BENEFÍCIOS

Enquanto contribui para a terminação de um gado precoce e para a captação de valor, a rastreabilidade traz ainda outros benefícios para a Fazenda Natal, salientou Furlan. “Você sabe qual animal que está desempenhando melhor, ou machos ou fêmeas. Se é um animal de cruzamento, um animal que não é de cruzamento. Então facilitou bastante”, aprovou.

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Dessa forma, nutrição, manejo e gestão premiam o gado precoce da Fazenda Natal de modo expressivo, sobretudo quando nos abates do Protocolo 1953. “Nos últimos seis meses a gente conseguiu cerca de R$ 20 a até R$ 24,00 de bonificação (por arroba) em especial na fêmea de cruzamento, quando ela adquire peso, idade e acabamento. Então isso aí tem motivado a gente a tratar o animal”, confirmou.

Ao mesmo tempo, os machos cruzados também recebem bônus pela característica de gado precoce, pela genética e qualidade de carcaça e carne. “A bonificação do macho é um pouco menor, vai de R$ 10 até R$ 15,00/@, às vezes”, quantificou.

GESTÃO

Além dos desafios de manejo inerentes à produção do gado precoce, Furlan destacou o esforço para melhor a gestão. Atualmente o produtor está participando da turma 2021/22 do Fazenda Nota 10, programa de capacitação em gestão e comparação de resultados feito em parceria entre Inttegra e Friboi. “Estamos bastante contentes, bastante felizes. […] E a pecuária é sempre assim, nós sempre temos algo a aprender”, salientou.

Fazenda Natal, em Bandeirantes-MS: estrutura desenhada para a engorda de gado precoce

PRINCIPAIS DIFICULDADES NA ENGORDA DE GADO PRECOCE

Em conclusão, Furlan disse quais são, em sua opinião, os gargalos que ainda travam a engorda de gado precoce em maior volume no Brasil. Em primeiro lugar, o pecuarista lembrou das dificuldades para a sucessão familiar. Depois disso, falou sobre a transição entre a pecuária tradicional, extensiva, e a intensiva. Para vencer este desafio específico, o pecuarista indicou que as mudanças sejam gradativas.

Por fim, a entrevista completa com Carlos Furlan pode ser vista pelo vídeo a seguir: