Do outro lado do Oceano Atlântico, no continente africano, mais precisamente da cidade de Cabinda, em Angola, veio a pergunta para o quadro Zadra Responde que foi ao ar no Giro do Boi desta quinta, 27. A dúvida é do pecuarista Raul do Carmo (à direita na foto acima, junto a representantes do Ministério da Agricultura angolano, mais à esquerda), que tem propriedade no país africano.
“Crio N’Dama, é um taurino. Trouxe esse gado de fora, de um outro país da África e eu preciso melhorar esse gado. Preciso aumentar a produtividade desse gado, seja através de melhoramento ou através de cruzamento. O que você recomenda, se for através de cruzamento?”, enunciou o profissional responsável por fornecer mais informações ao criador, o zootecnista Alexandre Zadra, supervisor regional comercial da Genex para os estados do Acre, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia, autor do blog “Crossbreeding” e especialista em cruzamento industrial.
Foto: Rebanho N’Dama no Oeste da África. Fonte: ILRI – N’Dama herd in West Africa, CC BY 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=12792149
“É uma particularidade muito grande aqui para os brasileiros, que não estão acostumados, não conhecem o N’Dama. É um taurino adaptado, uma raça de pequeno porte e de dupla aptidão. O pessoal dos países africanos tira leite das vacas, que são de pequeno porte, seriam como do tamanho de uma Jersey, com pelo zero. É espetacular para região que tem as condições que vocês tem, onde você diz que o clima é hostil, muito quente e você não tem forragem de qualidade. Você tem muito pouca comida. Seria um gado ideal para você criar aí, um animal menos exigente”, disse Zadra, colocando a situação em contexto.
Depois disso, o zootecnista apresentou as opções para o criador melhorar o desempenho de seu rebanho. “Se você for pensar em cruzamento, explorando a heterose e o choque de sangue, mas mantendo a adaptabilidade para este clima e esta quantidade de forragem que você tem, o ideal é que você poderia manter o cruzamento de dois tropicais, seja um zebuíno ou seja um taurino adaptado”, indicou.
“Se você for pensar em manter esta adaptabilidade e pensar no zebuíno, onde você teria choque de sangue máximo, haja visto que N’Dama é um taurino, você cruzando, por exemplo, com Sindi ou Sahiwal, que são duas raças paquistanesas de pequeno porte, você manteria um animal de menor porte melhorando com heterose. Você melhoraria fertilidade e sobrevivência dos animais, o resultado seria animais adaptados com metabolismo baixo para sobreviver bem aí neste clima e com esta forragem de pouca disponibilidade, como você disse”, completou.
Zadra apresentou a opção de realizar o cruzamento também entre taurinos adaptados. “A gente pode evoluir para um taurino adaptado. Você faria o cruzamento de dois taurinos, neste caso, das suas vacas N’Dama com Senepol, que foi formado com N’Dama. Ou mesmo você cruzar com Caracu ou outro taurino adaptado da África. Existem inúmeros Sangas na África que você pode usar, se você conseguir um Sanga de maior porte, sêmen ou touro Sanga de maior porte, pode usar também nas suas matrizes N’Dama. Você tem também a opção de usar um Bonsmara no seu gado N’Dama. O Bonsmara que foi formado na África do Sul. Ele é um taurino adaptado que foi formado para a África do Sul, onde existe um inverno rigoroso em algumas regiões, mas no seu gado N’Dama, que não tem pelo, vai muito bem, vai aumentar muito a produtividade do seu gado”, comentou.
O especialista analisou o cruzamento com zebuínos de grande porte. “Se você melhorar ainda mais as condições de forragem, eu recomendo que você use um europeu também. Você pode usar um europeu ou um zebuíno de grande porte. Quando você parte para um zebuíno de grande porte, como Nelore, Guzerá ou mesmo um Tabapuã, que é brasileiro, ou Boran na sua N’Dama, cuidado com as novilhas. Você tem que usar touro de parto fácil”, ponderou.
Zadra avaliou ainda a alternativa do cruzamento com europeus, neste caso já exigindo melhores condições de nutrição. “Você pode usar um europeu para ter um choque de sangue sobre o seu gado taurino adaptado, sobre as suas N’Dama. Com o europeu, você vai depender de forragem. Você precisa ter mais comida e mais capricho porque ele é mais exigente, ele come mais, ele tem mais fome e tem um metabolismo um pouco mais alto, então você tem que aproveitar este metabolismo dando comida para ele aproveitando esta produtividade”, concluiu.
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Qual é a sua dúvida sobre cruzamento industrial? Envie para o quadro ‘Zadra Responde” no link do Whatsapp do Giro do Boi, pelo número (11) 9 5637 6922 ou ainda pelo e-mail [email protected].
Veja a resposta completa de Alexandre Zadra no vídeo a seguir: