Tem um “cavalo arreado, com pelego e tudo”, passando na frente do pecuarista neste momento. Foi o que disse ao Giro do Boi desta segunda-feira, 27, o engenheiro agrônomo e pecuarista Maurício Velloso, membro da Comissão de Pecuária de Corte da Faeg e atual presidente da Assocon, Associação Nacional de Pecuária Intensiva.
De acordo com Velloso, esta janela de oportunidade permanece aberta por conta da extensão do período chuvoso em parte do Centro-Oeste, o que ainda está reforçando as condições de pastagens. Deste modo, segundo Velloso, com ajuda de uma suplementação , o pecuarista pode acelerar a engorda de lotes dentro da safra.
“Ele (pecuarista) não pode perder esta oportunidade que a gente ainda está tendo devido às chuvas extemporâneas. Quer dizer, até ontem (26) choveu aqui em Goiás de uma forma geral. Tocantins, norte de Goiás, nós estamos com um cenário muito bom de pastagens ainda e isto se estende, dependendo do local, a 30, 60, até 90 dias de disponibilidade de folhas. E isto, associado a uma correta suplementação proteica e energética, vai conseguir dar uma arroba um custo muito competitivo para o pecuarista”, recomendou.
Segundo Velloso, o produtor pode aproveitar esta espécie de “última chamada” para engordar o boi de safra com a precocidade que o mercado consumidor tem exigido. “Esses bois (jovens), para serem terminados, demandam tecnologia. Eles precisam da suplementação correta e muitos pecuaristas estão fugindo do desembolso. Claro que como um reação natural pela incerteza do cenário futuro. Mas isto, na verdade, acaba sendo um tiro no pé”, opinou Velloso.
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O presidente da Assocon informou quais foram os impactos dos recentes desafios impostos ao setor e destacou que a fórmula para saltar os obstáculos é se dedicar ainda mais ao trabalho. ‘Nem eu e nem a turma toda da agropecuária (paramos). O que nós estamos fazendo, de fato, pelo menos aqui nas minhas fazendas, é o seguinte: nós estamos começando (o dia) ainda mais cedo e estamos dormindo um pouco mais tarde. Porque o trabalho precisa ser proporcional ao desafio. E o desafio que a gente está vivendo agora é muito sério, ele é de fato profundo, e mais do que nunca a gente tem que usar todas as tecnologias disponíveis para a gente reduzir o custo ao mesmo tempo que incrementa a produtividade. Mais do que nunca esta é a única tábua salvadora”, declarou.
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Na visão de Maurício, o pecuarista, representando o setor como um todo, sempre esteve preparado para um cenário como o atual. “Estava preparado e é importantíssimo permanecer preparado. Que ele não ingresse nesta histeria desarrazoada, abandonando a razão e os bons fundamentos de se fazer pecuária. Não há motivo para isso”, informou.
Velloso disse ainda que embora muitos produtores estejam hesitantes com relação a confinar gado em 2020, a terceirização da engorda pode servir como alternativa para a intensificação da atividade, ao passo que livra as pastagens da superlotação no outono e inverno. “Muitos desses boiteis são altamente profissionais, confiáveis. […] O pecuarista que mandar o boi para o boitel, claro que vai ser uma decisão estratégica, mas ele já vai conseguir valores melhores por diversas bonificações a mais, por rastreabilidade. […] Então tem uma série de vantagens que vale a pena o pecuarista procurar. […] É uma outra estratégia, uma outra alternativa e precisa ser utilizada”, acrescentou.
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Confira a entrevista completa com Maurício Velloso no vídeo abaixo: