No Giro do Boi desta segunda-feira, 20, o médico veterinário, consultor e professor, Guilherme Vieira, respondeu a uma nova pergunta dos telespectadores. Dessa vez, o pecuarista André Faria, da cidade de Itapecerica, MG, nos escreveu relatando que as suas vacas estão com algumas manias que tem deixado o produtor apreensivo. Segundo ele, os animais estão bebendo urina, mesmo apesar de terem acesso a uma boa dieta a base de silagem e ração e, mesmo assim, o problema persiste. Acrescentou que alguns vizinhos disseram que poderia ser falta de cloreto de potássio no mineral. Diante disso, enviamos o questionamento para o especialista que relatou as possíveis causas e medidas a serem tomadas.
Vieira disse que essa atitude da vacada do criador pode ser por vários motivos. Explicou que animal lambendo árvores, terra ou mesmo urina não é algo exclusivamente relacionado à deficiência mineral como muitos acreditam. “Engana-se o pecuarista que acha que essas manias dos animais estão relacionadas à uma mineralização ineficiente. As causas dos ‘transtornos carenciais ou síndrome do apetite depravado’ são inúmeras como hierarquia dos lotes ‘animal dominante’ ou mesmo o incorreto dimensionamento dos cochos onde são oferecidas a suplementação”, diz.
“Todos nós sabemos que em cada lote de bovinos, seja qualquer que seja a categoria, sempre vai existir os animais dominantes, e uma possível falha na construção de cochos com tamanhos incorretos por cabeça pode levar ao transtorno carencial”, alerta o professor. Vieira nos apresentou um exemplo, que ele mesmo atendeu há algum tempo, onde os animais chegavam a subir um em cima do outro em busca de uma suplementação no cocho. “Neste mesmo local estava sendo detectado comportamentos estranhos de animal lambendo árvores, terra e até urina”, disse, acrescentando que “o problema foi sanado em seis meses com o ajuste de apartação por categorias e o correto dimensionamento do cocho do alimento servido aos animais”.
Esta “perversão do apetite” ou “síndrome do apetite depravado” é comum em fazendas intensivas focadas em quantidade de gado, resultando em superpastejo e insumos de cocho insuficientes. “O pecuarista pode até aumentar a sua lotação, ter a quantidade de animais que quiser, mas para isso ele precisa de estrutura e manejo adequados caso não queira ver animal comendo terra ou bebendo urina”, relata Vieira, finalizando que é tiro e queda o produtor que pergunta ficar atento para o aparte de categorias, lotação e ajuste de tamanho de cochos.
Confira a resposta completa no link abaixo:
Foto ilustrativa: Internet