Rica em energia, porém pobre em proteína e fibra, a palma forrageira foi a alternativa nutricional que o pecuarista Adevaldo Lima encontrou para alimentar seu rebanho na propriedade em Condeúba, no sul da Bahia. Ele relatou ao Giro do Boi que embora os bovinos tenham aceitado bem o alimento em um primeiro momento, passou a rejeitá-lo. Isso é normal? Ou qual seria o problema?
A produção do programa consultou o médico veterinário, mestre em ciência animal e doutor em zootecnia Rafael Dantas dos Santos, pesquisador da Embrapa Semiárido, para atender o produtor.
O pesquisador apresentou as características importantes da planta para os animais. “A gente tem que entender que a palma forrageira é um alimento muito estratégico para a região semiárida e um componente que deve ser utilizado sempre pelo produtor, uma vez que seu custo é muito baixo. Outra característica da palma forrageira, e que é importante o produtor atentar, é que ela é muito rica em água, principalmente na região semiárida do Nordeste, isso é importantíssimo porque além de aportar energia, que é o que a palma mais tem, pois é uma fonte de carboidrato essencial, ela consegue também fornecer água para os animais”, informou.
“De uma maneira geral a palma pode ser fornecida para todos os animais. Não existe uma rejeição dos animais à palma”, esclareceu. Entretanto, o doutor em zootecnia ponderou que não é recomendável que ela seja fornecida aos bezerros.
“Para algumas categorias animais nós temos que nos preocupar em relação ao fornecimento de palma, principalmente para bezerras e bezerros, para os quais a gente não preconiza a utilização logo no início da formação do rúmen desses animais. Mas depois desta fase inicial, todos os animais do rebanho podem receber palma forrageira indistintamente”, indicou.
“Não existe uma rejeição. Na verdade palma é muito apreciada pelos animais, os animais que costumam comer palma têm uma apreciação muito grande por essa planta porque ela é muito rica em carboidrato. Tem uma variedade de palma miúda, por exemplo, que é muito rica em carboidratos solúveis, chamada de palma doce. Então é uma palma que tem muito atrativo para os animais”, reforçou.
Na sequência, Santos revelou qual pode ser o problema do produtor cujo rebanho passou a rejeitar a palma forrageira na dieta. “A palma tem uma característica importante: apesar de ela ser muito rica em carboidrato e energia, a palma é pobre em proteína e fibra. Então o produtor não pode esquecer que tem que dar palma forrageira associada a uma fonte de fibra. Que fonte de fibra seria essa? Uma silagem, um feno, um capim cortado ou até mesmo um suplemento a pasto, com a palma sendo fornecida no cocho e deixando os animais pastejando a fonte de fibra. Então a palma não pode ser fornecida sozinha, separada. Se a palma ficar sendo fornecida sozinha, ela termina sendo rejeitada pelos animais porque começa a dar distúrbio metabólico nos animais, problemas gastrointestinais, que é bem evidenciado com a diarreia, por exemplo. Então a palma deve ser fornecida com uma fonte de fibra”, frisou.
Rafael informou que na bacia leiteira do Semiárido, os produtores que fornecem palma forrageira aos bovinos não costumam ter este problema. “A gente tem a realidade aqui na bacia leiteira, onde essa palma é fornecida praticamente o ano todo e os animais não enjoam. Normalmente o que acontece para os produtores que utilizam a palma forrageira só durante o período de seca, por exemplo, é que esse animais, após o período de seca, quando começa a chover e já tem outros alimentos disponíveis, os bovinos dão prioridade para comer forragem verde e fresca. Obviamente que, para ele, é muito mais apetitoso ele pastejar um pasto novo, verde, do que só comer a palma. Isso acontece muitas vezes e o produtor imagina que o animal enjoou da palma, mas não. O animal está dando predileção para outro tipo de alimento que está disponível para ele”, sugeriu.
“A palma é um aliado fortíssimo no sistema de produção do Semiárido. Então ela deve ser usada sempre por conta do seu custo e dos seus benefícios, como aporte de água e fornecimento de carboidrato”, valorizou o pesquisador da Embrapa.
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