Nesta sexta-feira, 22, foi ao ar o sexto episódio da série especial “Dez passos para construir e manter uma boa pastagem na sua fazenda”, apresentado no Giro do Boi pelo engenheiro agrônomo Wagner Pires, pós-graduado em pastagens pela Esalq-USP e consultor do Circuito da Pecuária.
“Como pensar em sustentabilidade sem repor a fertilidade do solo? Impossível!”, disse o especialista na introdução do novo episódio.
“O que eu gostaria de chamar a sua atenção é que a adubação é um jogo de apostas no qual você vai apostar todas as suas fichas visando ganhar mais, ter mais resultado”, comparou.
“Eu quero que você guarde sempre a máxima de que o seu maior patrimônio é o seu solo. É o solo da sua fazenda! É ele e os seus nutrientes que você não pode deixar acabar. Então é preciso que você conheça os níveis de fertilidade do seu solo e vá repondo à medida que você vai usando, tirando gado, tirando leite”, reforçou.
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Para os produtores que têm mais de uma espécie forrageira na fazenda, Pires mostrou por onde a adubação de reposição deve começar. “As necessidades das plantas variam. Por exemplo, os panicuns são plantas naturalmente mais exigentes em fertilidade do solo na comparação com as braquiárias. Então se eu tiver que começar a fazer uma adubação, eu vou iniciar pelos panicuns”, esclareceu.
O agrônomo justificou por que a época das águas é a mais decisiva para a sustentabilidade do pasto da fazenda. “Você tem período das chuvas, das águas, e da seca. Isso serve para qualquer região do nosso país. Só que a época das águas é a mais importante do manejo. Você tem que tomar todo cuidado porque a planta tem muito pouco tecido de reserva. Todas as vezes que o gado come o capim, a quantidade de raízes existente no solo morre, ou uma parte dela, e depois nascem novamente e assim por diante. Então é fundamental que a gente passe a construir não só área foliar, mas também área radicular. E como eu consigo isso? Com cálcio, com fósforo e com nitrogênio”, respondeu.
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“Sobre o cálcio nos falamos na calagem, no preparo do solo, que deve ser usado cálcio e também magnésio. Agora no plantio é a vez do fósforo e depois do nitrogênio”, acrescentou.
Pires explicou a relação da adubação de reposição com a perenidade do pasto por conta do enraizamento. “As raízes são uma parte da planta fundamental para a sobrevivência dela, principalmente na seca. Quando nós vamos entrando no período de seca, a planta começa a se preparar e se estrutura com mais raízes para atravessar a entressafra. Se você fizer bem feita a lição de casa, se você tratar a sua pastagem com um bom manejo, você vai conseguir ter uma melhor qualidade de pastagem na seca”, enalteceu.
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“No período das águas, no início da chuva. E você pode parcelar o seu nitrogênio de acordo com a sua necessidade. Você pode jogar o seu nitrogênio logo no início das chuvas para auxiliar na rebrota, como também você pode usar o nitrogênio nos últimos 30 dias antes do término da chuva visando uma melhor qualidade de pastagem na seca”, revelou. “O fósforo é aplicado no período das águas e o potássio também”, completou.
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ADUBAÇÃO E PLANTAS DANINHAS
“Nunca adube o pasto que tenha plantas daninhas. Por quê? Ora, amigo, você vai estar dando adubo para as plantas daninhas e elas têm o sistema radicular poderosíssimo. Elas vão pegar água e os nutrientes para ela! Então antes de você pensar em adubação, preocupe-se em eliminar as plantas daninhas”.
PIQUETES GRANDES
“Não queira adubar pasto grande! você vai perder o fio da meada, você vai se perder no manejo e não vai conseguir ter um bom aproveitamento desse fertilizante. então antes de pensar em adubação, vamos dividir melhor a nossa pastagem”.
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VAMOS POR PARTES
“E vamos começar a adubar gradativamente. Você pode elevar os níveis de fósforo em 2, 4, 6 ou 8 anos. Você pode trabalhar com o seu nitrogênio iniciando com pequenas parcelas. O que eu quero propor a você? Que você experimente, que você comece a adubar aos poucos. Comece pelas melhores gramíneas, comece adubando áreas pequenas e aí você vai aprender a trabalhar. E também pense em usar produtos que vão aumentar e auxiliar o enraizamento da sua pastagem, como aminoácidos, como ácido fúlvico e ácido húmico, que vão ajudar”, acrescentou.
PASTO É LAVOURA
“Amigo, pasto é uma cultura, é uma lavoura. Ninguém planta milho sem adubo, ninguém planta soja sem adubo, cana, algodão, nada. Mas você tem coragem de formar uma pastagem e nunca adubar! Então comece a experimentar, comece a agora a fazer pequenas adubações e eu tenho certeza que você vai transformar a sua fazenda em uma fazenda sustentável para seus filhos e para o amanhã”, concluiu.
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Assista o sexto episódio completo do novo quadro de Wagner Pires no vídeo a seguir: