No Giro do Boi Responde desta segunda-feira (22), a pergunta de Olivio Santos, de São Geraldo do Araguaia (PA) toca em um ponto crucial para a pecuária de corte: a seleção das matrizes.
Quando se fala em novilha de primeira cria com pouca habilidade materna, a dúvida sobre insistir ou descartar é natural. A resposta, segundo o zootecnista Ricardo Abreu, é direta: o ideal é descartar. Confira o vídeo.
A habilidade materna é uma característica que tem uma herança genética e, dificilmente, melhora de forma significativa. Abreu explica que não se deve esperar que uma novilha de primeira cria, que teve dificuldade para criar seu bezerro, se torne uma supermatriz na próxima gestação. A responsabilidade da fêmea é produzir um bezerro com um bom peso à desmama, e essa capacidade é determinante para a rentabilidade.
A novilha de primeira cria que não cumpre essa missão é como um hóspede que não paga a conta da fazenda. Ela consumiu recursos, como pastagem, suplementação e manejo, mas não gerou o retorno esperado. Insistir nesse animal significa manter um custo sem a garantia de um resultado produtivo, o que prejudica a eficiência do rebanho.
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A habilidade materna no melhoramento genético
A habilidade materna é uma característica decisiva em todas as categorias de fêmeas do rebanho, seja ela primípara, secundípara ou multípara. Em qualquer grupo de animais, no mesmo ambiente e com o mesmo manejo, a fêmea que produz um bezerro mais pesado está demonstrando a habilidade que você precisa na sua fazenda. Essa capacidade tem um forte componente genético.
Para melhorar a habilidade materna nas suas matrizes, Ricardo Abreu recomenda investir na genética correta. Ao selecionar os touros para a estação de monta, o recomendado é que se procure por DEPs (Diferença Esperada na Progênie) que indiquem uma alta Habilidade Materna à Desmama, a sigla DEP HD. Esse índice é crucial para garantir que os futuros bezerros de suas vacas terão um desempenho superior no campo.
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É fundamental usar ferramentas como os programas de melhoramento genético, a exemplo do PMGZ (Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos) da ABCZ, para tomar decisões embasadas. Esses programas fornecem dados confiáveis sobre a habilidade materna dos touros e das matrizes. Com isso, você pode cruzar os dados de sua fazenda com os de avaliações genéticas e, de forma estratégica, impulsionar a sua produção.
Descarte é uma ferramenta de lucro
A mensagem final de Ricardo Abreu é clara: uma vaca de primeira cria com pouca habilidade materna não deve ser mantida. A decisão de descartar essa fêmea não é apenas sobre se livrar de um animal improdutivo, mas sim, sobre criar uma receita para a fazenda. Ao vender essa novilha, você consegue capital para investir em novas fêmeas ou genética de maior qualidade, que de fato gerem lucro.
Abreu reforça que o critério de descarte para novilhas de primeira cria é rigoroso. Ela precisa ter produzido um bezerro de alta qualidade e ter emprenhado novamente dentro da estação de monta. Se ela não atingir esses dois objetivos, a melhor estratégia é tirá-la da fazenda. Assim, você aumenta a eficiência do seu rebanho e mantém apenas os animais que são realmente rentáveis.
O planejamento é a chave para o sucesso. Um bom pecuarista deve saber quais animais geram lucro e quais não. O investimento em genética de ponta, baseada em DEPs como a de habilidade materna, é um caminho sem volta para quem busca um rebanho mais produtivo, lucrativo e sustentável.
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