Nesta quinta, 31, o Giro do Boi recebeu em estúdio o médico veterinário e auditor fiscal agropecuário do Mapa, Gabriel Adrian Sanchez Torres, que atua na unidade técnica regional de agricultura do ministério na cidade de Campinas-SP. Torres fez lembrete aos produtores sobre o início da segunda etapa anual da campanha nacional de imunização contra a febre aftosa e falou sobre os efeitos da nova fórmula da vacina, cujo volume foi reduzido de 5 para 2 ml, o componente saponina foi retirado e ainda tirou da composição o vírus tipo C, já erradicado do continente.
A partir de amanhã, 1º, até o fim de novembro o país deverá vacinar pouco menos de 100 milhões de cabeças de até 24 meses contra a doença. Torres afirmou que espera uma manutenção dos índices de imunização, na faixa entre 98% e 99%, e fez recomendações para que o manejo seja executado da maneira adequada.
“O ideal é que o produtor tenha realmente uma estrutura de contenção não só pela vacina, mas por todas as outras questões. […] Ainda é uma realidade forte no Brasil esta questão de a gente ter propriedade sem uma estrutura adequada de contenção dos animais”, lamentou o auditor.
O veterinário foi categórico ao relacionar a condição sanitária do país com a relevância que a carne bovina brasileira ganhou no cenário mundial nos últimos anos, levando o Brasil ao topo da lista dos maiores exportadores do planeta. “Só tem essa situação de a carne brasileira estar em mais de 150 países do mundo exatamente por causa da nossa condição sanitária. A gente pode produzir o melhor boi, com o melhor acabamento, um animal precoce com uma carne macia, uma boa cobertura de gordura. Tudo nos conformes. Mas se não tiver sanidade, essa carne não vai sair do Brasil”, exaltou.
Gabriel Torres detalhou as recomendações para que a vacina cumpra bem o seu papel de imunizar o animal sem prejuízo à sua carcaça. “A gente já tem há algum tempo as especificações muito claras de como deve ser esta aplicação. Tem que ser na tábua do pescoço, tem que ter muito cuidado com a higiene”, orientou. O profissional também sustentou a troca de agulha a cada dez animais para que seja esterilizada. “Não basta que a vacina tenha tido o seu volume diminuído, como teve de 5 para 2 ml. A questão da higienização no momento da aplicação é fundamental para evitar esse tipo de reação e o local de aplicação. Claro que não se pode aplicar no cupim, na picanha, em cortes nobres que serão utilizados para consumo”, argumentou.
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O veterinário diferenciou a reação natural do gado ao produto do abscesso e relacionou o problema mais grave à falta de higiene e de cuidados necessários no manejo. “A gente tem duas questões aí. Uma questão é redução do volume, passou de 5 para 2 ml e retirou a saponina, com isso se espera que tenha menos reações vacinais. Agora é importante pontuar um detalhe: a reação vacinal, quando ela é somente um inflamação, uma reação inflamatória, ela é até desejável, ela ajuda na resposta imunitária do animal. O que não pode é o abscesso, essa formação desse pus debaixo da pele do animal. Este abscesso não é desejável, causa perdas. E o abscesso está muito mais ligado hoje à questão de higiene, de manejo, à questão de como se aplica a vacina”, assegurou.
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O auditor fiscal agropecuário falou ainda sobre problemas que pode gerar a compra dos doses em revendas não autorizadas, o que pode impedir o pecuarista de comunicar o cumprimento de sua obrigação por falta de documento comprovante.
Veja a entrevista completa com o veterinário Gabriel Adrian Sanchez Torres pelo vídeo abaixo: