Na integração, novilhas ganham mais peso e são mais precoces

Pesquisador da Embrapa apontou que além de melhorar o desempenho reprodutivo, sistema viabilizou 10 kg a mais de peso ao nascimentos dos bezerros

Ainda que estejam sendo largamente estudados e analisados sob diversos ângulos, na teoria e na prática, os benefícios da integração lavoura-pecuária ainda não são todos conhecidos. Recentemente, um estudo conduzido na Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop-MT, descobriu que novilhas em pastagens advindas de sistemas integrados têm melhor desempenho em aspectos diversos.

Foi o que contou em entrevista ao Giro do Boi desta quarta, dia 27, o médico veterinário, e doutor em ciência animal Luciano Bastos Lopes, pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril.

Segundo listou o veterinário, o desempenho foi avaliado com índices que envolvem peso ao nascimento, crescimento, ganho de peso, reprodução, entre outros.

RESULTADOS

O estudo comparou o desempenho dos animais em sistemas integrados com a pecuária solteira, ou seja, o monocultivo de pastagens. Um dos impactos percebidos foi que, quando o sistema de produção possui o componente árvore, a melhoria do microclima leva a um efeito positivo na concentração do fator de crescimento IGF-I nas fêmeas.

“Um desses é o indicador hormonal, que é o IGF-I, que é um fator de crescimento. E a gente utiliza esse hormônio como indicador de precocidade sexual. Então quando a gente avaliou esses animais nesse sistema, a gente pôde ver que as árvores trouxeram um benefício ao microclima e a gente vê maiores níveis desse hormônio. Extrapolando esse resultado com base na literatura, outros hormônios também respondem da mesma forma. A gente pode realmente confirmar essa parte fisiológica respondendo a esse microclima”, relacionou.

“Com relação ao ganho de peso e deposição de gordura na região da garupa, as novilhas que foram manejadas em lavoura-pecuária tiveram desempenho melhor. […] Nesses sistemas de lavoura-pecuária, a pastagem é sempre vigorosa, mesmo na época da seca. […] Então, os animais aproveitam todo esse resíduo de adubo, enfim, consumindo essa pastagem mais vigorosa e conseguem ganhar mais peso. E tiveram também uma deposição de gordura na região da garupa”, constatou. “Essa deposição de gordura também está ligada à precocidade sexual”, completou o pesquisador.

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10 KG A MAIS DE PESO AO NASCIMENTO

“Por fim, um outro dado que a gente teve que foi bem interessante foi o peso ao nascimento. Então, os animais nascidos nos sistemas de integração, tanto no silvipastoril, independente do sombreamento – a gente tinha dois níveis, com renque simples e renques triplos – quanto na lavoura-pecuária tiveram peso ao nascimento maior, cerca de 10 kg a mais em relação à pecuária solteira. A gente não consegue isolar qual exatamente o fator, mas foi a conjunção desses fatores”, ponderou Luciano.

Em conclusão, o veterinário apontou que o sistema pode ser uma ferramenta para acelerar o processo de reversão da perda de peso em matrizes que, por exemplo, precisam se recuperar para próxima estação de monta. “São sistemas interessantes para isso, para o animal sair daquele déficit inicial, voltar a ganhar peso, voltar a ciclar o mais rápido possível. É uma opção, por exemplo, a integração lavoura-pecuária”, sustentou.

Pelo vídeo a seguir é possível assistir na íntegra a entrevista com o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril, Luciano Bastos Lopes:

Foto: Gabriel Faria / Reprodução Embrapa