Especialista Roberta Paffaro destaca o impacto das exportações no preço da arroba e os riscos para a cadeia produtiva
O mercado da carne bovina brasileira vive um ciclo positivo, com preços em alta, exportações em ritmo recorde e demanda crescente nos principais mercados globais. No quadro A Protagonista, quem analisa esse cenário é a especialista em agronegócio Roberta Paffaro, que aponta os fatores por trás da valorização da arroba e as perspectivas para a cadeia produtiva nos próximos meses.
“O mercado do boi gordo está aquecido, com exportações impulsionadas pelo câmbio e uma demanda internacional forte, principalmente da China e dos Estados Unidos”, destaca Roberta. Segundo ela, esse movimento pressiona também os preços internos, já que a precificação segue atrelada ao dólar.
Exportação recorde e arroba valorizada
De acordo com Roberta, a valorização da arroba tem como principal motor as exportações dolarizadas, que fazem com que o produtor busque equiparar os preços internos ao que é praticado no mercado externo. “A gente já sente isso na inflação da carne no Brasil”, explica.
Em abril, a tonelada da carne bovina exportada atingiu média de US$ 4.900, segundo dados do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA). Com o real desvalorizado, isso representa mais reais na mão dos exportadores — o que impulsiona o valor pago ao produtor.
Indústria com escalas apertadas
Outro sinal do bom momento são as escalas de abate mais curtas, o que indica menos boi disponível. Esse cenário se agrava com o abate de fêmeas, que pode comprometer a produtividade futura da pecuária nacional.
“Com mais fêmeas sendo abatidas, a tendência é de queda na oferta de bezerros nos próximos ciclos. E como a demanda externa segue firme, isso sustenta os preços elevados da arroba”, alerta a especialista.
Alta demanda e riscos do câmbio
O USDA projeta aumento de 2% no consumo mundial de carne bovina em 2025. Esse crescimento está concentrado justamente nos países que mais compram do Brasil, como Estados Unidos e China.
Ao mesmo tempo, o câmbio é um fator de risco importante. Quando o real se desvaloriza frente ao dólar, o produtor recebe mais por cada tonelada exportada. Mas essa oscilação pode trazer incertezas para quem atua na cadeia produtiva.
Perspectiva positiva para o pecuarista
Com menor oferta de boi, câmbio favorável e exportações aquecidas, o cenário segue positivo para o pecuarista, que deve se preparar para um mercado cada vez mais exigente e competitivo.
“Esse é um momento de valorização da carne brasileira no mundo, fruto de um trabalho de qualidade feito na produção. E o futuro promete ser ainda mais animador”, conclui Roberta.