No último dia 05, a capital do MS, Campo Grande, sediou o Encontro de Gestores – O sucesso deixa rastros, evento organizado em parceria pela empresa de consultoria agropecuária Terra Desenvolvimento e o Inttegra, o Instituto Terra de Métricas Agropecuárias. O objetivo foi apresentar os resultados do levantamento de benchmarking da safra 2017, uma espécie de comparação do desempenho zootécnico das 285 fazendas atentidas pela consultoria, que somam 1,08 milhão de cabeças distribuídas em 888,3 mil hectares.
Em síntese, os especialistas afirmam que o pecuarista tem um novo tempo pela frente, em que deve somar a coleta confiável de informações, boas tomadas de decisão baseadas em números e gestão de todos os seus processos para criar não apenas bois, mas criar também margem a partir de seu trabalho.
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“O que o pecuarista precisa saber é que o resultado depende única e exclusivamente dele. Ele é a pessoa responsável pelo lucro. Entendendo isso, ele passa a adotar medidas que vão fazer com que ele crie margem dentro da fazenda e, para ter essa margem, tem que cuidar muito bem das duas grandes forças que existem dentro da fazenda: o desembolso e o ganho de peso. Então ele vai ter que gerir a sua despesa de forma que potencialize o ganho de peso. O produtor concentrado em ganho de peso e desembolso por cabeça ao mês vai conseguir o resultado”, recomendou o zootecnista, mestre em produção animal e diretor do Inttegra, Antônio Chaker.
“A gente sabe que o que muda uma fazenda é um bom plano. Nada é mais poderoso dentro de uma produção pecuária do que um bom planejamento. Ele é uma ferramenta fantástica porque além de previsibilidade, traz aumento de segurança e faz com que você gerencie melhor os seus recursos. É também uma ferramenta extremamente importante porque não existe nenhuma maneira de você ter gestão dentro de uma propriedade ou qualquer empresa se não tiver meta. E meta você só tem quando tem plano”, determinou o zootecnista, consultor e analista da Terra Desenvolvimento, Rodrigo Patussi.
O pecuarista Diego Vitt é um dos empresários rurais a utilizar as métricas do benchmarking para melhorar os resultados de sua pecuária de corte. “Na verdade ela se torna menos intuitiva e mais dinâmica. A decisão é mais apoiada em números e fluxo de caixa, como tem que ser em qualquer empresa. Você tem que viabilizar o lucro com os recursos que tem”, disse o produtor, relatando sua experiência.
O consultor Antônio Chaker também pediu aos produtores controle emocional para lidar com as tomadas de decisão do dia a dia, afirmando que esta atitude pode ser essencial para o desempenho da propriedade. “O controle emocional para você poder analisar sua atividade de uma forma absolutamente racional de negócio é determinante para que o pecuarista se torne um empresário focado, disciplinado e pragmático ao resultado, não apenas um apaixonado pela atividade”, completou Chaker.
Para o gerente nacional de gado de corte da Tortuga DSM, Lucas Oliveira, o uso de métricas como as apuradas pelo levantamento de benchmarking devem abrir os olhos do pecuarista para além do desempenho zootécnico de seu rebanho. “Não adianta ter um altíssimo ganho de peso, lotação, e genética apurada se no final da safra você não está ganhando dinheiro. E para saber isso, a gente precisa saber as métricas que são realmente muito importantes. Mas a grande mudança está acontecendo pela necessidade. A fazenda não é mais um negócio de tão baixo risco, tanto que este benchmarking mostra que 35% das fazendas fecharam no prejuízo, então a corda está começando a apertar”, avisou Oliveira.
O gerente de trade e demanda da Boehringer Saúde Animal, Paulo Colla, reforçou a importância de o pecuarista enxergar a cadeia da pecuária além de sua fazenda. “O produtor tem que estar engajado para que o processo aconteça, pois são detalhes que se perdem. Para ter ideia, a quantidade de vacinas ou doses aplicadas em locais errados durante a vacinação traz um imenso prejuízo econômico não só
para o frigorífico como para toda a cadeia. Quem acaba sofrendo com isso é o consumidor lá na ponta, que é em quem nós temos que focar para levar uma carne nobre à mesa, com segurança e sanidade.
Para o empresário, navegador e projetista de embarcações Amyr Klink, que foi palestrante do evento, o produtor rural sem vê em frente a um novo obstáculo para o seu sucesso. “O grande desafio do futuro é se tornar especialista, começar a trabalhar a excelência. É claro que o conhecimento é muito importante, mas o problema da área rural é que o conhecimento não pode ser padronizado porque cada propriedade tem as suas variáveis, cada latitude do país, cada região climática, cada ecossistema tem as suas características. Então nós temos um número muito grande de variáveis e temos conhecimento como uma das ferramentas importantes desse laboratório de aprender como fazer o negócio prosperar”, afirmou Klink, recomendando aos pecuarista somar a gestão ao conhecimento para desenvolver-se dentro de sua atividade econômica.
Veja abaixo os depoimentos na íntegra: