Wagner Pires alerta que o capim é uma lavoura e exige planejamento para manter produtividade na estiagem
A transição entre o período chuvoso e o seco é uma fase crítica para a pecuária. O crescimento do capim diminui drasticamente com a queda das chuvas, menor incidência de luz solar e temperaturas mais baixas. E é nesse cenário que muitos pecuaristas cometem erros que comprometem o desempenho do rebanho e a saúde das pastagens.
Atendendo aos pedidos dos telespectadores, o programa Giro do Boi revisitou o tema com um dos maiores especialistas em manejo de pastagens do país, o engenheiro agrônomo, palestrante e consultor Wagner Pires, autor do livro Pastagem Sustentável de A a Z. Veja o vídeo:
Pastagem não é mato, é lavoura
Para Wagner, o pasto é a base da pecuária, mas muitos produtores ainda o tratam como algo secundário.
“Só com boi, você não faz pasto. O pasto é uma lavoura. E o pecuarista, querendo ou não, é um agricultor de pasto. Ele precisa entender isso para não perder produtividade na seca”, destaca.
Um dos principais erros, segundo ele, é deixar o rebanho em áreas desgastadas ou mal manejadas, ou então manter o gado em locais com excesso de massa verde, onde o capim sombreia a si mesmo e bloqueia a fotossíntese, prejudicando o crescimento.
Leitura e planejamento são essenciais
Wagner Pires reforça que a leitura de pasto — a observação atenta do estágio da forrageira — é uma prática que deve ser rotina.
“Fico chateado quando vejo uma pastagem degradada, porque sei que o problema não é a seca, é a falta de planejamento. A seca virá, isso é certo. O solo e a forragem precisam estar preparados”, alerta.
Ele recomenda que o produtor planeje o uso das áreas de acordo com o porte ideal da gramínea, respeitando os ciclos de crescimento. E lembra que toda forrageira de múltiplos cortes, como o capim-elefante, exige regras específicas de manejo.
Capiaçu como alternativa estratégica
Entre as forrageiras, Wagner é entusiasta do capiaçu, conhecido por sua alta produtividade.
“Sou defensor do capiaçu. Ele é excelente como reserva estratégica para o período seco. E se bem manejado, pode garantir volume e qualidade de alimentação mesmo nos momentos mais críticos”, afirma.
Antecipe-se à seca e preserve o solo
A principal recomendação do especialista é simples, mas poderosa: antecipe-se.
- Divida os piquetes com antecedência;
- Faça a leitura de pasto para definir altura de entrada e saída;
- Utilize capineiras como reserva;
- Evite o sobrepastejo, que degrada o solo e compromete a rebrota.
“A seca virá. E se o produtor não tiver um plano, vai correr atrás do prejuízo tarde demais. Quem planta capim certo e faz o manejo adequado, garante comida na seca e lucro no bolso”, conclui Wagner.