Antes dos 30 anos de idade ela já é reconhecida internacionalmente por conta da inovação que proporcionou à agropecuária brasileira. A jovem Mariana Vasconcelos, eleita pela Forbes como uma das jovens CEOs de maior destaque em 2019, co-criadora da Agrosmart, uma plataforma de soluções para agricultura digital, contou sua história ao Giro do Boi em entrevista concedida nesta quarta-feira, dia 29.
As raízes da empreendedora estão em Itajubá, município de Minas Gerais onde nasceu. Ali perto, em Pedralva-MG, sua família já tinha lavoura e criava cavalos da raça Mangalarga Marchador. “Então eu cresci acompanhando o dia a dia no campo, na lavoura, na criação do Mangalarga Marchador. Eu estava muito acostumada a acompanhar ali o dia a dia e a dificuldade de tomada de decisão no campo. Eu não queria, a princípio, ficar na fazenda, trabalhar no agro, eu acabei indo estudar administração, fui trabalhar com tecnologia, e aí em determinado momento da minha carreira eu parei e pensei que eu podia trazer de volta as tecnologias que eu estava lidando na indústria também para o campo”, recordou.
Com a criação da Agrosmart, Mariana transformou o processo de tomada de decisão do produtor, incorporando previsibilidade com maior precisão à mera intuição do produtor de quando plantar, o que plantar ou quando irrigar, por exemplo. “Então a gente começou a trabalhar com este conceito de colocar sensores na lavoura, entender o microclima, monitorar ali em tempo real e, em cima disso, ajudar o produtor a tomar a melhor decisão”, resumiu.
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Conforme explicou a empresária, a companhia desenvolveu sensores para uso dentro das lavouras para monitorar condições e coletar dados que auxiliam o produtor nas tomadas de decisão relacionadas às condições do tempo, otimização da irrigação e até manejo sanitário da lavoura. Os testes começaram na propriedade de sua família e, a partir do projeto piloto, continuou processo de expansão até se tornar, atualmente, em uma das maiores plataformas de agricultura digital da América Latina.
“A primeira coisa que a gente faz é monitorar a lavoura. Existe dois tipos de monitoramento, o monitoramento remoto, que é por imagem de satélite, […] o produtor entra no nosso site, já cria a sua área e começa a receber imagens que dão indicadores da saúde da lavoura, e o monitoramento através de sensores onde a gente trabalha com estações meteorológicas, com pluviômetros digitais que permitem a gente saber onde está chovendo em tempo real, em cada talhão, sem ter que ir no campo, com sensores de solo, que nos dão ideia de quanto de água tem disponível no solo”, esclareceu Vasconcelos.
A empreendedora salientou ainda que não é preciso conexão pela internet em toda a fazenda para para funcionamento da tecnologia. A inovação, além de gerar os relatórios, já sugere a melhor decisão com base em algoritmos especialmente desenvolvidos para os equipamentos. “Tudo isso sem necessidade de ter internet, de ter sinal de celular lá no campo. Nós reunimos estes dados na plataforma em que a gente consegue ver e a gente ajuda a transformar esse dado numa tomada de decisão através de algoritmos”, detalhou.
Mariana exemplificou a utilidade da plataforma de agricultura digital na prática. “Através de recomendações no caso do manejo da irrigação, por exemplo, a gente diz exatamente o quanto de água tem que colocar em cada talhão para aproveitar a máxima eficiência do sistema, dando somente a água necessária, economizando o custo de energia e aumentando a produção. A gente tem a nossa própria previsão do tempo, que é a mais precisa do mercado para sete dias, então entender melhor as condições e como elas vão estar a cada hora nos próximos três dias ajuda o produtor a planejar a operação. Nós temos modelos de previsão de doenças, no caso por exemplo da previsão da ferrugem de café, que com 15 dias antes a gente consegue saber o risco da doença no campo para que o produtor consiga agir no momento correto para economizar insumos e reduzir perdas”, ilustrou.
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Conforme ressaltou a empresária, além de sugerir decisões, o sistema pode ser operado com o estabelecimento de parâmetros programados para lembrar o produtor de certas tarefas sempre que uma determinada combinação de condições se repetir, por exemplo.
“A gente permite que ele automatize a tomada de decisão através da criação de regras, onde o agrônomo ou o próprio produtor consegue ser lembrado de fazer aquilo que ele precisa no momento correto. Então a gente tem, por exemplo, alertas de momentos de pulverização, momentos de plantio, ou para soltar mais abelhas de polinização. Tudo aquilo que é baseado no conhecimento agronômico, da experiência do campo, mas que a gente acaba às vezes esquecendo de fazer na correria do dia a dia. A gente olha as condições ideais da lavoura, os pontos de atenção e lembra o produtor de agir no momento correto”, frisou.
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Funcionando já há seis anos, a plataforma tem conquistado resultados consistentes para os seus usuários. Segundo a empreendedora, a tecnologia viabiliza redução de até 60% do uso de água na irrigação, 40% de redução do custo de energia, casos de aumento de produção em até 20% e redução de perda das lavouras, como no caso do café, de 30% para 3%, antecipando o problema com a ferrugem.
A tecnologia está disponível para ser aplicada em 25 tipos de cultivos, entre os mais variados grãos, café, cana-de-açúcar, fruticultura, e serve não somente para produtores, como para indústrias de insumos e até de alimentos e bebidas, conforme listou Mariana.
Pelos impactos positivos não somente no resultado do produtor, mas também na sustentabilidade da cadeia e por levar a tecnologia aplicável em larga escala ao campo, a plataforma e sua própria CEO e co-criadora Mariana Vasconcelos já foram reconhecidos nacional e internacionalmente em diversos momentos. “Fomos considerados um dos negócios de impacto mais relevante no mundo da tecnologia pelo Fórum Econômico Mundial”, acrescentou.
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Conheça mais detalhes da trajetória pessoal e profissional de empresário Mariana Vasconcelos e de plataforma Agrosmart na entrevista pelo vídeo a seguir:
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