TECNOLOGIA 

Inteligência artificial ajuda a detectar a lagarta-do-cartucho, importante ameaça ao milho

Embrapa desenvolve sistema que usa câmera e IA para identificar praga nas folhas e espigas, podendo reduzir em 70% as perdas na produção

O sistema analisa imagens digitais e identifica a lagarta tanto na folha da planta como na espiga de milho. Foto: Marina Pessoa.
Inteligência artificial ajuda a detectar a lagarta-do-cartucho, importante ameaça ao milho. Foto: Marina Pessoa.

A Embrapa Instrumentação (SP) desenvolveu um método inovador que utiliza sensores de imagem e inteligência artificial para identificar a temida lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda).

Esta praga é uma das mais agressivas da cultura do milho, sendo capaz de causar perdas que podem comprometer até 70% da produção, segundo pesquisadores da entidade.

O novo sistema analisa imagens digitais e é capaz de identificar a lagarta tanto na folha da planta como na espiga de milho. A grande vantagem dessa tecnologia é que ela minimiza a subjetividade dos métodos tradicionais, que dependem da observação humana e são bastante trabalhosos.

O agrônomo Alex Bertolla e o pesquisador Paulo Cruvinel desenvolveram a metodologia, motivados pela necessidade de uma detecção precoce de pragas. Bertolla explica que o estudo focou no reconhecimento de padrões da lagarta-do-cartucho, que, além do milho, ataca outras culturas agrícolas importantes, como a soja e o algodão.

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Câmera simples, resultados complexos e precisos

A tecnologia foi pensada para ser prática no dia a dia do produtor. Para facilitar a captação das imagens, uma câmera fotográfica simples pode ser acoplada em implementos agrícolas. Essa câmera coleta as imagens das lagartas nas plantas enquanto executa as operações normais na lavoura. O investimento não precisa ser de alto custo, apenas exigir boa resolução das imagens.

O método integra processos complexos, como processamento digital de imagens, estatística multivariada e visão computacional, todos combinados com técnicas de aprendizado de máquina. Cruvinel esclarece que o aprendizado de máquina descreve a capacidade dos sistemas de aprender a partir de dados, automatizando tarefas de identificação de problemas.

O algoritmo computacional foi desenvolvido em Python e tem a capacidade de avaliar as imagens digitais de distintos estágios de crescimento da lagarta, sua fase de desenvolvimento e a frequência de ocorrência na área de cultura. O estudo avaliou um total de 2.280 imagens da lagarta, qualificando cinco estágios distintos de desenvolvimento da praga.

O futuro com drones e tecnologia embarcada

Plantação de milho. Foto: Joana Silva.
Plantação de milho. Foto: Joana Silva.

O método de detecção da Embrapa Instrumentação é baseado em aprendizado profundo, utilizando uma Rede Neural Artificial Convolucional (CNN), que é treinada para classificar os diferentes estágios da lagarta. A qualidade dos resultados confirmou a recomendação do uso dessa estrutura tecnológica.

Os resultados promissores do estudo abrem portas para futuros avanços. Os pesquisadores sugerem a disponibilização dessa tecnologia na versão embarcada, ou seja, para uso direto em implementos agrícolas. Além disso, o método pode ser adaptado para o uso de uma câmera multiespectral embarcada em um drone (VANT), permitindo a operação em tempo real no monitoramento da lavoura.

A precisão obtida com a Inteligência Artificial auxilia agrônomos e laboratórios a ter resultados mais confiáveis. Essa tecnologia é um grande passo para a agricultura de precisão, garantindo que o controle da lagarta-do-cartucho seja feito no momento certo, protegendo a produção do milho.

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