Importação de 1962 é o divisor de águas para a pecuária brasileira

Confira a entrevista com Tonico Carvalho, hoje o guardião da genética Nelore da fazenda Brumado, em Barretos (SP)

A importação de bovinos da Índia para o Brasil teve dois anos marcantes: 1960 e 1962. Estes anos representavam as duas últimas e significativas compras de reprodutores Nelore feitas pelo Brasil. No entanto, a 1962, teve uma contribuição extraordinária.

“Em termos de gado e de melhoramento genético foi a coisa mais importante que já existiu na pecuária brasileira. Acho muito difícil de ser suplantada”, diz o criador e pecuarista Antonio José Prata Carvalho, mais conhecido como Tonico Carvalho.

O pecuarista faz parte da terceira geração de criadores responsáveis pela história de 102 anos de seleção de bovinos puros de origem, vindos da Índia. A raça Nelore ganhou o País por conta desse trabalho e hoje é a base de 80% do rebanho nacional.

“As primeiras importações tiveram um grande valor porque mostraram adaptabilidade das raças zebuínas. Tanto é que o Brasil virou a segunda terra do Zebu. A primeira é a Índia”, diz Tonico.

Orgulho de ser pecuarista

Tonico (à dir.) e seu pai, Rubico Carvalho. Foto: Divulgação
Tonico (à dir.) e seu pai, Rubico Carvalho. Foto: Divulgação

Carvalho estreou o quadro “Orgulho de ser pecuarista” e foi ao ar no Giro do Boi desta segunda-feira, 4. A série de entrevistas serve para dar a devida valorização do trabalho de homens e mulheres na produção de carne bovina no País.

“Nós pecuaristas temos uma profissão maravilhosa e importantíssima para o mundo. Nós fornecemos comida nobre. Nós fornecemos carne e fornecemos leite. Nós fornecemos a base da alimentação do ser humano. A humanidade dominou o mundo comendo carne e tomando leite, então, tenho muito orgulho de poder fazer isso”, diz o pecuarista.

Legado de família na pecuária

Touro Nelore Amedabad um dos grandes exemplares da fazenda Brumado. Foto: Divulgação
Touro Nelore Amedabad um dos grandes exemplares da fazenda Brumado. Foto: Divulgação

De seus 68 anos, Tonico passou ao menos 40 deles por conta da evolução do melhoramento genético do Nelore. O trabalho começou com o seu avô, Francisco José de Carvalho, e depois, seguido pelo seu pai, Rubico Carvalho

“Meu avô importou gado em 1918. Ele começou a vender reprodutores e se preocupou em registrar a marca. Ele registrou em 1920 os primeiros animais. Hoje fazem 102 anos. Ele tinha uma visão comercial grande e de ele sabia o valor do zebu”, diz Tonico.

Fazenda Brumado

Animais da fazenda Brumado, em Barretos (SP). Foto: Divulgação/Fazenda Brumado
Animais da fazenda Brumado, em Barretos (SP). Foto: Divulgação/Fazenda Brumado

A fazenda Brumado, no município de Barretos (SP), estava entre as propriedades da família e que ficou para Tonico cuidar, de acordo com próprio testamento feito por seu pai, quando ainda estava vivo.

A propriedade comemora 60 anos e é um dos locais onde a raça Nelore tem pode contar com exemplares de animais da genética que fundamentou todo o rebanho nacional.

Linha do tempo do trabalho da família Carvalho na seleção de zebu. Foto: Divulgação
Linha do tempo do trabalho da família Carvalho na seleção de zebu. Foto: Divulgação

“Eu faço questão de preservar esse gado no estado de Pureza mesmo. São animais descendentes diretos dos que vieram da Índia. Eu acho que isso tem uma importância fundamental, inclusive na hora que quando se precisa de um sangue, refrescar, resgatar e a fonte está ali, preservada”, diz Tonico.

Confira no vídeo acima a entrevista completa do produtor que mostra parte da grandiosa saga que foi incrementar o rebanho bovino no País.

Links de referência

http://www.nelore.org.br/Raca/Historico

https://fazendabrumado.com.br/

https://www.abcz.org.br/a-abcz/racas-zebuinas/raca/8/nelore—nelore-mocho