O tema principal do Giro do Boi desta segunda, 11, foi uma inovação desenvolvida pelo departamento de reprodução animal da USP para melhorar a taxa de concepção de novilhas. Em visita ao estúdio do programa na sede do Canal Rural, o médico veterinário, doutor em reprodução animal e professor da USP Pietro Baruselli explicou a diferença de um novo dispositivo intravaginal feito especificamente para as fêmeas precoces que, além de poder aumentar a taxa de prenhez, contribui para diminuir a idade média ao primeiro parto.
A importância do novo dispositivo está justamente na capacidade de reverter indicadores considerados ruins para a reprodução do rebanho bovino brasileiro. A idade média à primeira concepção de uma vaca no Brasil, disse Baruselli, está hoje em torno de três anos, com a idade ao primeiro parto com cerca de quatro anos. “É importantíssimo que a pecuária evolua para que se insemine animais mais jovens o possível, logicamente respeitando as condições de manejo, nutrição e genética. Mas o futuro da pecuária, como em vários países do mundo, é nós não termos mais uma novilha de três anos sendo inseminada (pela primeira vez), e sim uma novilha de um ano sendo inseminada”, sugeriu Baruselli. “Se nós reduzirmos a média brasileira de idade ao primeiro parto de quatro para dois anos , nós estamos falando em incrementos de 30% do retorno de capital por hectare”, estimou.
O dispositivo intravaginal desenvolvido promete solucionar alguns dos problemas que ocasionam a redução dos números citados acima. Ele é menor do que o tradicional, que foi desenvolvido quando apenas as vacas e novilhas acima dos três anos eram desafiadas à reprodução em um protocolo de IATF, mas quando os pecuaristas passaram a usar o protocolo de IATF também em novilhas mais jovens e de menor estatura, como as cruzadas, o dispositivo que serve para liberar hormônios e induzir o cio nas fêmeas ficou desatualizado, incomodando tais matrizes pelo tamanho desproporcional. A situação foi observada em uma prova de eficiência alimentar, quando os pesquisadores observaram que algumas das novilhas que estavam com o equipamento reduziram o consumo de ração.
Foi daí que começaram os estudos para desenvolver dispositivos que se adaptassem à categoria precoce. “Nós fizemos os estudos com as novilhas não só acompanhando a questão do conforto, mas da resposta dos animais à ovulação, comparando com o dispositivo intravaginal utilizado para as vacas com o de tamanho reduzido para ver se existia uma resposta que pudesse justificar a sua aplicação a campo”, relembrou o médico veterinário.