Se o boi estiver fazendo hora extra no pasto, na realidade a propriedade não está ganhando nada. Assista ao vídeo abaixo e saiba por que isso é muito ruim para uma fazenda de bovinos de corte.
Esse assunto foi tema de mais uma reportagem no Giro do Boi desta sexta-feira, 30. Os pastos baixos são uma característica muito comum nas áreas de forragem por todo o País. E isso é um sinal muito preocupante.
O boi, além de estar fazendo hora extra, não está se alimentando direito, segundo o doutor em zootecnia Gustavo Rezende Siqueira. Ele é pesquisador do Polo Regional de Alta Mogiana da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA). A unidade fica no município de Colina, na região de Barretos.
“O que acontece quando os pastos estão muito baixos? Eu tenho uma limitação do bocado. Cada vez que o animal dá uma pastejada ele colhe de 0,5 a 2 gramas de matéria seca por dia. Na média, uma grama por dia. Então o animal precisa dar, por exemplo, umas dez mil bocadas por dia para comer tudo que ele precisa”, diz Siqueira.
O pesquisador foi o entrevistado da série de reportagens que mostra as pesquisas da APTA para o desenvolvimento da pecuária brasileira.
Hora extra significa perda de energia pelos bovinos
Para Siqueira, se o boi passa mais horas comendo, além de significar perda de energia e menor consumo no final do dia, também significa que o bovino está trabalhando muito além da conta.
“O gado gosta de pastejar oito horas por dia. Se for menos, melhor ainda. Num pasto baixo o boi pode fazer até quatro horas extras por dia. E hora extra não é bom”, diz Siqueira.
Pastos baixos em fazendas de gado de corte
O problema é limitar o ganho de peso dos animais. Segundo o pesquisador, essa é a explicação quando produtores dizem que seu rebanho não está engordando.
E nesse caso, estão trabalhando com uma genética adequada e com oferta de suplementação. No final das contas, o problema era o pasto baixo demais.
Pasto baixo inclusive é mais vulnerável a efeitos de veranico. Ele também fica mais suscetível a invasoras e pragas. Entre elas, o cupim e o formigueiro.
Solução para o problema de hora extra do boi
O ideal é o produtor trabalhar com um manejo de pasto um pouco mais alto. A altura ideal vai depender de cada planta forrageira. Mas para resolver a questão do tamanho é preciso mexer na lotação dos animais e adubar a área.
“Para quem quer emagrecer a receita é a comida esparramada e o garfinho pequeno. Para quem quer engordar a receita é o prato amontoado com um garfo grande”, diz o pesquisador.
A adubação é inclusive a receita para turbinar os ganhos, pois mexer apenas na lotação não é rápida. As plantas levarão mais tempo para se recuperarem, se for manejada apenas a quantidade de animais na área.