A seca chegou com força no Brasil Central e deve se estender por mais quatro ou cinco meses. As consequências podem ser severas para as fazendas de pecuária. Assista ao vídeo abaixo e confira como enfrentar este problema.
Diante desse cenário, o engenheiro agrônomo e consultor de pecuária Felipe Moura participou ao vivo do programa Giro do Boi nesta terça-feira (1º), com um recado direto aos produtores: não dá mais para tratar o pasto como sobras da fazenda.
“O pasto é uma lavoura e precisa ser planejado como tal”, afirma.
Felipe que presta consultoria para mais de 15 fazendas no Brasil. Ele defende que o planejamento forrageiro seja encarado com a mesma seriedade de uma safra agrícola e ajuda a lidar sempre com a seca.
“Todo ano vai ter seca e vai gear. Quem não se prepara, corre risco de prejuízo certo”, alerta.
Diagnóstico por drone ajuda a evitar erros na lotação
Com uso de tecnologia de ponta, como drones de alta precisão, Felipe realiza um verdadeiro “raio-x” das propriedades.
A partir do mapeamento aéreo, é possível gerar mais de 14 tipos de mapas que indicam áreas com pastagem degradada e solo exposto.
Esses dados ajudam a responder uma das perguntas mais feitas por produtores: quantos bois cabem na minha fazenda?
“O maior erro é não ajustar a lotação conforme a real capacidade do pasto. Tem fazenda com 70% da área improdutiva e o produtor acha que está colocando um boi por hectare, mas na prática está sobrecarregando a área útil”, explica.
Nutrição na seca: fibra e proteína devem andar juntas
Para enfrentar a seca, a chave está na combinação de fibra e proteína. Moura alerta que os microrganismos responsáveis pela digestão da fibra no rúmen só se multiplicam com aporte proteico.
Por isso, é comum o uso de suplementos com nitrogênio não proteico, como sal proteinado ou ureado.
“Mas se não tiver fibra de verdade no pasto, o suplemento sozinho pode ser até prejudicial”, avisa.
A dica é se preparar antes da estiagem, garantindo uma reserva forrageira. Isso pode ser feito com feno em pé, feno armazenado, pré-secado, silagem, cana ou capineira.
“A estacionalidade da produção de forragem é um fato. Precisamos nos programar para ela todos os anos.”
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Pasto seco, sim, mas com estratégia
Em épocas críticas, o ideal é alocar categorias de menor exigência, como vacas secas ou animais em terminação, para áreas com pasto de menor valor nutricional.
“Mas esse pasto precisa ter fibra. Sem fibra, o animal não vai aproveitar nem o suplemento que receber”, explica Moura.
Ele também defende que a fertilidade do solo faz toda a diferença para retardar os efeitos da seca.
“Se o solo for pobre, o pasto vai amarelar mais rápido. Por isso, olhar debaixo da terra é tão importante quanto olhar o que está por cima.”
De olho na estação de monta e no pós-seca
Outro ponto de atenção é a estação de monta. Segundo o especialista, muitos pecuaristas não consideram que vaca precisa parir quando há pasto disponível. Isso garante recuperação corporal e maior taxa de prenhez no ciclo seguinte.
“A vaca é a que fica na fazenda. Não adianta vender um bezerro pesado e deixar a mãe vazia. Ela não vai emprenhar de novo.”
Felipe também alerta para o cuidado com vacas em final de gestação. Uma mudança brusca para pastagens de alto valor nutricional pode levar a problemas no parto.
“Muita energia vai para o bezerro, e a vaca, se estiver fraca, pode trancar no parto.”
Espécies adaptadas e irrigação: alternativas viáveis
Para regiões com menor índice de chuvas, como o Nordeste, Felipe recomenda pastagens mais rústicas, como Massai e Andropogon. Já em áreas com irrigação, a realidade muda completamente.
“O cara que tem pivô e avião é dono do tempo. No semiárido irrigado, se produz o melhor feno do Brasil, porque cresce rápido e seca na hora certa.”
Com o avanço da tecnologia, Felipe destaca que a consultoria online também é uma aliada importante, permitindo que pecuaristas de qualquer canto do país recebam orientações personalizadas.
O especialista compartilha histórias de campo em sua série documental Pasto On Road, disponível no YouTube. Acompanhe ele também no Instagram.
“Quem planeja não sofre tanto. Quem entende que o pasto é uma lavoura, atravessa a seca com muito mais segurança”, resume Felipe Moura.
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