Pecuaristas, o sucesso do confinamento não se resume apenas a uma alimentação adequada. Embora a nutrição represente cerca de 90% dos gastos, existem outros elementos primordiais que, se negligenciados, podem drenar a sua produtividade. Assista ao vídeo abaixo e descubra quais são esses drenos.
Esses são os chamados “drenos de produtividade” e atuam como vilões silenciosos. Confinar gado é um investimento alto, mas com o manejo correto, os lucros podem ser excelentes.
Nesta quinta-feira, 17 de julho, o programa Giro do Boi recebeu o zootecnista Rafael Cervieri, doutor em Nutrição Animal, para discutir a importância desses fatores não nutricionais.
Direto de Rio Preto, no interior de São Paulo, Cervieri destacou que a evolução do confinamento brasileiro exige atenção a um conjunto de técnicas e genética para alcançar resultados impressionantes.
Os drenos de produtividade no confinamento
O confinamento brasileiro, uma indústria relativamente jovem e em rápido desenvolvimento, tem focado muito na nutrição. Contudo, outros países já avançaram em aspectos operacionais e estruturais que agora se mostram cruciais para a produtividade.
Rafael Cervieri elenca os principais drenos de produtividade que podem sabotar seu confinamento, mesmo com uma dieta perfeita:
- Estrutura e ambiente:
- Posicionamento do confinamento e declividade das baias: Influenciam diretamente o conforto e a saúde dos animais.
- Dimensionamento de cochos: Um espaçamento adequado (30 a 40 cm por cabeça) é fundamental para o consumo. Estudos mostram que menos de 30 cm ou mais de 40 cm por cabeça pode piorar o ganho médio diário (GMD) e a eficiência alimentar.
- Acesso ao bebedouro: Garanta que todos os animais tenham acesso fácil e constante a água de qualidade.
- Limpeza das baias: A remoção do esterco na saída de cada lote é crucial, especialmente em períodos chuvosos, para evitar acúmulo de lama e proliferação de doenças. Não deixar esterco acumular é fundamental.
- Frequência de trato: De três a cinco tratos por dia são totalmente satisfatórios, desde que o manejo alimentar seja correto e a leitura de cocho seja boa. Em dias de chuva intensa, aumentar a frequência pode evitar perdas de alimento.
- Leitura de cocho: É a primeira atividade diária e define o ritmo do fornecimento de dieta. Um profissional capacitado para interpretar as sobras no cocho e o comportamento animal garante que o gado esteja bem saciado, sem desperdícios.
- Aclimação dos animais: Os primeiros 15 a 20 dias são os mais desafiadores. Apresentar o ambiente, o cocho, o bebedouro e os tratadores ao gado recém-chegado ajuda na rápida adaptação e no consumo de matéria seca, que é essencial para o “arranque” inicial.
- Constância dos processos: Bovinos são animais de hábito. É preciso entregar uma rotina consistente, com pouca variação de insumos e dietas, para garantir o conforto e o melhor desempenho.
- Ronda sanitária: Ganhou muita atenção nos últimos 5 a 6 anos. É fundamental para a detecção precoce de doenças, inclusive as subclínicas, que podem não apresentar sintomas claros, mas já afetam o desempenho.
- Homogeneidade do lote: Uma boa apartação por faixa de peso ou tamanho corporal evita disputas e comportamentos indesejáveis como a sodomia em animais inteiros.
- Sombreamento: Em regiões mais quentes e no verão, o sombreamento pode trazer ganhos significativos (8 kg a mais de carcaça em alguns estudos), reduzindo o estresse térmico e melhorando o conforto.
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O desafio do confinamento anual
Com a extensão da operação de confinamento para o ano todo (não apenas na seca), os desafios climáticos e estruturais se intensificam. Mesmo com uma dieta bem formulada, fatores ambientais podem prejudicar o desempenho esperado.
É importante ressaltar que a maior escala no confinamento permite uma equipe melhor, maior poder de compra de ingredientes e a utilização de softwares de controle, tudo para aumentar a gestão e a eficiência da operação.
A excelência e a constância são as chaves. O confinamento exige uma rotina bem padronizada e processos consistentes.
Se a “porteira para dentro” está bem feita, o pecuarista estará mais preparado para enfrentar os desafios do mercado, garantindo um bom escoamento da produção e a lucratividade, mesmo em momentos de incerteza econômica.
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