CAPACITAÇÃO RURAL

Bem-estar animal: especialista explica o bê-á-bá para o treinamento de vaqueiros

Treinamento e manejo: estas são a chave para o bem-estar do rebanho, segundo a especialista Fernanda Macitelli Benez. Confira a entrevista na íntegra

Bem-estar animal: especialista explica o bê-á-bá para o treinamento de vaqueiros
Bem-estar animal: especialista explica o bê-á-bá para o treinamento de vaqueiros

A zootecnista Fernanda Macitelli Benez, professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e co-fundadora da BE.Animal, apresenta uma visão inovadora sobre o bem-estar animal na pecuária. Assista ao vídeo abaixo e confira a entrevista.

Em entrevista ao Giro do Boi, ela destaca a formação de vaqueiros como ponto fundamental para assegurar não só a saúde dos animais, mas também a produtividade das fazendas.

Como o bem-estar animal influencia na produtividade?

Fernanda Macitelli Benez, com sua vasta experiência e estando há quase 30 anos no campo da zootecnia, ressalta a evolução da percepção do bem-estar animal.

Antes considerado um luxo, hoje é reconhecido como um fator crítico para o sucesso agropecuário.

Ela compartilha insights de sua jornada desde os pedidos iniciais para pesquisas em fazendas até o reconhecimento atual da importância do bem-estar na pecuária.

A formação dos vaqueiros e a importância do manejo calmo

De acordo com a doutora Benez, os treinamentos para vaqueiros são adaptados ao trabalho específico que realizarão, seja no curral, no confinamento, ou com matrizes.

A instrução básica envolve o entendimento do comportamento animal e as técnicas de manejo que consideram o bem-estar dos bovinos.

Um ponto-chave citado é a memorização dos animais: o tratamento recebido, bom ou ruim, pode influenciar o seu comportamento futuro, impactando diretamente em procedimentos como a inseminação artificial e até na taxa de morbidade dos bezerros.

A integração do manejo reprodutivo e o bem-estar

Benez ressalta a conexão direta entre um manejo cuidadoso e os resultados reprodutivos. A produção de hormônios de estresse, como o cortisol, pode antagonizar os hormônios reprodutivos, reduzindo a eficácia dos processos como a transferência embrionária (TE).

Ela menciona práticas específicas para mitigar o estresse, como o manejo suave dos bezerros, que prepara os animais desde cedo para interações futuras com humanos, representando um benefício de longo prazo para o manejo reprodutivo da fazenda.

Aplicação de bem-estar em diferentes etapas do manejo pecuário

Manejo de bovinos em área de curral. Foto: Reprodução
Manejo de bovinos em área de curral. Foto: Reprodução

A especialista destaca que mesmo o confinamento, frequentemente questionado do ponto de vista do bem-estar, pode ser manejado de forma ética e produtiva.

A finalidade é desenvolver técnicas que permitam uma adaptação tranquila dos animais aos procedimentos de manejo, reduzindo o estresse e melhorando os índices produtivos e reprodutivos.

Desenvolvendo novas tecnologias e práticas sustentáveis

Treinamento de bem-estar animal na fazenda. Foto: Divulgação/MSD
Treinamento de bem-estar animal na fazenda. Foto: Divulgação/MSD

Ela também cita inovações como mantas desenvolvidas para manejar recém-nascidos sem causar danos, evidenciando como a tecnologia pode andar de mãos dadas com o respeito ao animal.

Fernanda Benez encoraja um olhar atento e criterioso para a rotina de manejo, onde pequenas modificações podem levar a grandes melhorias no bem-estar animal e, consequentemente, na lucratividade da fazenda.

Impacto do bem-estar no mercado consumidor

A entrevista conclui com uma visão para o futuro, onde os consumidores cada vez mais valorizam a origem ética de seus alimentos.

Benez enfatiza que estamos em um momento-chave em que os cuidados com o bem-estar animal não apenas se pagam em termos de ganhos de produtividade, mas também moldam a reputação e a competitividade do negócio agropecuário no mercado.

Por fim, a zootecnista anuncia que a BE.Animal estará ampliando sua presença digital, disponibilizando conteúdo educativo nas redes sociais.

A comunicação mais acessível promete fortalecer ainda mais a relação entre práticas de bem-estar e produtividade entre os pecuaristas brasileiros.