Fazenda muda rotina da roda de tereré para deixar Covid-19 fora da porteira

Na hora do tereré na Fazenda Lageado, em Dois Irmãos do Buriti-MS, cada funcionário leva sua própria guampa e bomba para se refrescar

Embora esteja em um dos estados com menos casos de Covid-19, no Mato Grosso do Sul, a Fazenda Lageado, localizada em Dois Irmãos do Buriti, a cerca de 90 km da capital Campo Grande, está aumentando o rigor das precauções em relação ao vírus. Isto porque nos municípios próximos à propriedade, como Aquidauana, o número de infectados aumentou expressivamente.

“O Mato Grosso do Sul foi um dos estados que teve menos casos. Os casos de Covid-19 começaram há duas ou três semanas, no município de Dois Irmãos do Buriti apareceram oito casos confirmados e nenhum óbito. Mas no município de Aquidauana, que fica a 70 quilômetros, já existem mais casos. Ontem mesmo estavam com 298 casos e oito óbitos. Mas, mesmo assim, nós ficamos preocupados e orientamos todos os funcionários em relação a tudo que precisa ser feito para poder se proteger”, disse Rodrigo Luiz dos Santos, gerente da Fazenda Lageado.

Além da orientação para aumentar o distanciamento entre os colaboradores nos escritórios, da distribuição de máscaras e da disponibilização de álcool em gel nos pontos de encontro e de convivência, uma das recomendações alinhadas à cultura local é a respeito da roda de tereré.

O tereré, bebida que resulta da infusão de água gelada com erva mate, costuma ser consumida em rodas de amigos, com a copo (uma cuia ou guampa) com uma bomba que filtra o líquido sendo compartilhado entre todos os integrantes. Mas, especialmente para evitar a disseminação da nova doença, a rotina e as recomendações mudaram.

O assistente técnico da Agro-Pecuária CFM, Ademir Antônio da Conceição, explicou as novas orientações. “Tem o horário de eles tomarem o tereré porque o clima do estado é muito quente, e é sempre das 14h30 às 15h. Cada estado tem uma cultura. Aqui tem a cultura de tomar o tereré. Devido à chegada do Covid-19, o que a gente passou? Não tomar em roda de tereré. Eles podem tomar, mas cada um tem a sua cuia, a sua bomba, e toma cada um o seu para evitar contaminação”, detalhou.

Os funcionários entenderam a orientação e estão aderindo aos novos protocolos, confirmou Celso Cristóvão, assessor técnico da CFM. “Nós mantemos a distância no horário que nós temos para tomar o tereré. Quando dá o horário, nós paramos para tomar o tereré, cada um toma o seu, mantém a distância uns dos outros para estar evitando também e para prevenir. Fazendo por onde para, se Deus quiser, acabar um dia”, reforçou.

Na propriedade, o clube social, que oferece aos funcionários opções de lazer como quadras de futebol, vôlei e jogos de mesa, teve que ser momentaneamente fechado. “Como é uma fazenda distante dos centros urbanos, dos municípios, nós temos um clube social […]. Mas devido a esta crise do vírus, nós tivemos que fechá-lo provisoriamente até estar em uma situação melhor para poder continuar com estas atividades”, acrescentou o gerente da propriedade, Rodrigo Santos.

O dia das compras na cidade agora também é realizado com uma série de mudanças. “Amanhã mesmo é o dia de compra. O pessoal sai para fazer compras e nós levamos com nossos ônibus. Vai haver um distanciamento dentro do ônibus, eles vão usar máscara e vai ter álcool em gel, spray com álcool 70% para eles irem fazer compra. Vai haver uma orientação, nosso técnico de segurança toda quarta-feira faz uma orientação e hoje será uma orientação para o pessoal ir com segurança fazer estas compras em Aquidauana”, detalhou Santos.

O responsável por orientar os colaboradores na propriedade é Uilian César de Azevedo , técnico de segurança no trabalho da CFM. “Todas as quartas-feiras a gente faz o DSS, que é o Diálogo de Segurança Semanal, e a gente sempre aborda algum tema de segurança. Como está tendo a pandemia, que atingiu o mundo inteiro, a gente reforça mais sobre este tipo de proteção. É sempre bom a gente orientar para a pessoa estar lembrando de tomar cuidado porque é na cidade o lugar onde é mais fácil acontecer (a transmissão). […] Como este mês (o número de casos) está mais crítico na nossa região, a gente já orientou que vá o mínimo de pessoas mesmo, não levar filhos, se possível. Se puder ir uma pessoa, que vá. Se não tem jeito, tome o máximo de cuidados possível, utilizar álcool em gel, borrifador. O motorista será orientado para sempre que sempre que alguém for entrar, borrifar nas mãos para que, se trouxer o vírus de fora, não passe para as pessoas dentro do ônibus. […] A gente tem que estar sempre conscientizado para tentar evitar o contágio dentro da empresa porque se alguém se contaminar vai ficar em quarentena. Se um setor todo for contaminado, vai parar aquele setor e vai dificultar mais o trabalho da empresa”, reforçou.

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