FAZENDA NOTA 10

Fazenda de MS corta “hora extra” do boi e margem da propriedade sobe 39%

Fazenda em Coxim fez diagnóstico dos pontos fracos e encurtou o ciclo do boi melhorando gestão, aumentando GMD e apostando em confinamento

Uma fazenda no interior de Mato Grosso do Sul cortou a “hora extra” do boi e a margem dos negócios da propriedade subiu em 39%. Assista ao vídeo abaixo e confira os destalhes dessa história.

Nesta terça-feira, dia 27, foi ao ar mais um episódio da série especial Repórter Nissan, que visitou propriedades de destaque no programa Fazenda Nota 10.

Desta vez, quem recebeu a equipe do Giro do Boi foi a Rio Corrente Agropastoril, fazenda em Coxim (MS) que está se destacando na safra 2021/2022.

Conforme lembrou o pecuarista Túlio Ibanez Nunes, a propriedade é de seu sogro e passou pelo processo de sucessão familiar. Como esposo da filha mais velha entre as três herdeiras do proprietário, Nunes buscou capacitação, como o MBA na Esalq, para estar à frente do desafio.

Raio-X da fazenda sul-mato-grossense

Vista aérea da fazenda Rio Corrente Agropastoril em Coxim (MS). Foto: Reprodução
Vista aérea da fazenda Rio Corrente Agropastoril em Coxim (MS). Foto: Reprodução

Em seguida, o atual gestor identificou os pontos fracos da propriedade. Nesse sentido, a principal dificuldade era a “hora extra” que gado de corte fazia na fazenda em Coxim.

“A gente tinha muita área que precisava ainda mexer. Muito investimento para fazer. Mas eu diria que o gargalo maior nosso é que a gente demorava muito para tirar o boi da fazenda. O boi ficava aqui na fazenda três, quatro, às vezes cinco anos para engordar no pasto. E eu já enxergava isso como um problema”, diz Nunes.

De acordo com o pecuarista, entrar no Fazenda Nota 10, programa de capacitação em gestão e comparação de resultados, facilitou a compreensão do que precisava mudar.

“Quanto menos tempo o animal fica na fazenda, melhor é o giro de estoque, o giro do boi. O boi girando, a gente consegue (lucrar) mais. Então essa foi uma das coisas que eu aprendi com o Fazenda Nota 10”, destacou.

Definição das metas da fazenda

Lote de bovinos a pasto na fazenda Rio Corrente Agropastoril em Coxim (MS). Foto: Reprodução
Lote de bovinos a pasto na fazenda Rio Corrente Agropastoril em Coxim (MS). Foto: Reprodução

Além disso, Nunes destacou outro ponto essencial de conversão da fazenda em Coxim pelo programa, que eram as metas.

Assim, o Fazenda Nota 10 compartilha os índices de referências de propriedades em situação similar para que cada um possa entender seu potencial.

Por exemplo, por conta das mudanças propostas pelo programa, a propriedade saiu de um GMD global médio de 351 gramas no 1º trimestre da safra anterior para 700 gramas na atual.

Em síntese, o GMD global compreende o ganho médio diário de todas as categorias no ciclo completo.

Em outras palavras, o zootecnista e líder de projetos do Fazenda Nota 10 Rodrigo Gennari explicou o que a mudança significou para a fazenda em Coxim.

“A gente vê o impacto financeiro bem positivo, bem relevante, que é o desembolso por arroba produzida. Eles tiveram uma diminuição de 36% de uma safra para a outra”, destacou.

Ao mesmo tempo, a fazenda em Coxim transformou as mudanças em margem.

“O que a gente sempre procura na fazenda é passar essa harmonia entre a produtividade e o financeiro. Sempre caminhar em harmonia para encontrar uma margem atrativa, que é o lucro que a gente espera. Atualmente eles estão muito bem no primeiro trimestre, com 39% de margem. Eles estão superando inclusive as top rentáveis do ciclo completo, que têm 29% de média de margem. […] É uma Fazenda Nota 10!”, reconheceu Gennari.

Modelo em pecuária intensiva

Área de confinamento da fazenda Rio Corrente Agropastoril em Coxim (MS). Foto: Reprodução
Área de confinamento da fazenda Rio Corrente Agropastoril em Coxim (MS). Foto: Reprodução

Ao passo que atingia novos patamares de produtividade, a fazenda buscou sistemas de produção mais intensivos. Primeiramente, desenvolveu parceria com os Boiteis JBS em Mato Grosso do Sul.

“Então a gente fez muita venda pro boitel em Rio Brilhante, em Terenos em parceria com o Friboi. Agora, esse ano aqui, a gente falou que ia fazer em casa também, não só fora. Aí construímos o confinamento e fizemos o nosso primeiro giro”, contou o gestor da fazenda em Coxim.

Bem-estar animal na Rio Corrente Agropastoril

Vista aérea da fazenda Rio Corrente Agropastoril em Coxim (MS). Foto: Reprodução
Vista aérea da fazenda Rio Corrente Agropastoril em Coxim (MS). Foto: Reprodução

Da mesma forma que o sistema de produção da Rio Corrente Agropastoril mudou para se tornar mais intensivo, o bem-estar animal também acompanhou a evolução.

Nesse meio tempo, o Fazenda Nota 10 apresentou os benefícios da substituição da marca a fogo para a fazenda em Coxim.

“Antes de entrar nesse programa a gente fazia a marcação a fogo que era obrigatória. No caso, da brucelose, além da marca da fazenda e a identificação das vacas. Como o nosso rebanho é expressivo, eram cinco números (para identificação). Então são cinco marcas a fogo, mais a marca obrigatória da brucelose e mais a marca da fazenda. Eram sete marcas que a gente fazia”, disse em suma o médico veterinário Marcos Misutsu.

Contudo, a propriedade agora, aproveitando os ensinamentos do professor Mateus Paranhos, coordenador de bem-estar do Fazenda Nota 10, está aos poucos reduzindo o uso da marca a fogo.

“Nós estamos fazendo essa identificação agora com o brinco. A recomendação que o professor Mateus fez é a gente fazer isso logo ao nascimento. Então após o nascimento, os animais recebem um furo na orelha. A gente faz a tatuagem e o furinho na orelha. Posteriormente a gente coloca uma identificação para ficar visível de longe, sem ter que pegar o animal um por um. […] A gente vai eliminar todas (as marcas a fogo)”, projetou o veterinário.

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Impacto na cria da fazenda

Juntamente com a capacitação do programa em bem-estar, a fazenda em Coxim observou melhorias em vários indicadores.

“A gente teve diminuição de umbigo grosso, de problemas com diarreia porque a equipe está mais consciente. […] Mesmo a equipe do Pantanal, que sempre teve um sistema um pouco mais simples, um pouquinho mais rústico”, apontou Marcos.