Fazenda de cria que começou do zero vira exemplo em menos de um ano

Veja a transformação da Fazenda Rio das Pedras, localizada no Bolsão de MS , que trocou a recria e engorda pela cria e virou referência no benchmarking do Fazenda Nota 10

Reportagem da série especial Repórter Nissan que foi ao ar no Giro do Boi desta segunda, dia 08, destacou o trabalho de transição da Fazenda Rio das Pedras, em Paranaíba-MS. A propriedade deixou para trás a recria e engorda para se tornar uma fazenda de cria no Bolsão de Mato Grosso do Sul e um ano depois já se tornou referência na atividade de acordo com os dados levantados pelo programa Fazenda Nota 10.

Conforme contou a gestora da propriedade, Sharahdiny de Mori, a propriedade começou adquirindo um plantel de mil vacas para começar o projeto de cria do zero e a contribuição do programa de gestão e comparação de resultados foi fundamental no processo.

GESTÃO

“Nós começos do início mesmo, do zero, começamos numerando vaca e buscando alternativas para a gente conseguir ter altos retornos aqui dentro. E foi aí que surgiu uma parceria muito grande […] e gente já implantou o Fazenda Nota 10 agora aqui dentro da Rio das Pedras”, revelou.

Uma das principais melhorias na fazenda de cria foi a disciplina da equipe no acompanhamento e anotação dos dados do rebanho. “Então começamos a instaurar reuniões semanais para a gente conseguir se alinhar e, junto com o programa, aprender a fazer a evolução do gado”, compartilhou.

Por exemplo, os dados coletados dizem respeito aos bezerros nascidos, vacas em reprodução, primíparas, lotes de desmama. “A gente conseguiu começar a apartar tudo aqui para conseguir inserir os dados corretamente no programa”, ilustrou a gestora.

CUIDADO DESDE O NASCIMENTO

O gerente da Fazenda Rio das Pedras, Gabriel Victor, que acompanhou a transição do sistema produtivo da propriedade, destacou os diferenciais para o sucesso na pecuária de cria.

“Bastante capricho, dedicação e cuidado. Depois que os bezerros nascem aqui, a gente faz a cura do umbigo, faz aplicação do vermífugo e faz o furo da orelha. Depois de cinco dias, a gente vem brincar e colocar o número da mãe no bezerro para quando for fazer manejo de IATF, as vacas que, por exemplo, derem vazias, a gente poder tirar os bezerros filhos daquelas vacas que deram vazia e colocar em pasto separado para poder ficar mais fácil o manejo quando for fazer IATF e não ficar fechando vaca desnecessariamente” exemplificou Victor.

“Se não tiver um manejo bem feito desde quando o bezerro nasce, você não vai ser um bezerro bom com o peso dele à desmama. Ou se tiver um índice alto de mortalidade você vai ter um índice baixo de bezerro na desmama, no caso”, completou.

ESTRATÉGIA DE ENTRESSAFRA

Juntamente com todos os cuidados com a reprodução, a fazenda teve que elaborar estratégia para a estação seca. “Apesar de a fazenda ser banhada por vários rios, a seca foi muito grande. […] Nós tivemos uma geada que judiou muito das nossas pastagens e a gente investiu aqui atualmente em água, com bebedouros artificiais. Fizemos divisões de pasto aqui dentro do retiro, dentro da fazenda Rio das Pedras, para a gente conseguir fazer esse manejo dos lotes e, consequentemente, aumentar o desempenho desses bezerros e vacas em reprodução”, contou Sharahdiny de Mori.

Nesse sentido, a gestora contou como funciona esse manejo na prática. “A gente faz uma solução de cal com água, lava os bebedouros. Aqui foi instaurado lavar os bebedouros quinzenalmente, então a gente tem essa disciplina também com a questão da água. E a gente está tentando ajustar tudo para fazer um trabalho perfeito, ou pelo menos tentar chegar lá”, projetou.

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NÚMEROS NA PALMA DA MÃO

O zootecnista e coordenador do Fazenda Nota 10 Rodrigo Gennari, que atende a Fazenda Rio das Pedras dentro do programa, destacou alguns números do desempenho da fazenda, que apesar de ter ingressado na cria recentemente já se tornou uma referência.

No aplicativo disponível para smartphones aos integrantes do programa, a fazenda está entre as melhores em várias categorias.

“Eles tiveram índices muito relevantes na parte de mortalidade geral, comparando com benchmarking da cria. Foram 0,16% da fazenda contra 0,45% das top rentáveis. A lotação de UA/ha, que é muito relevante, […] está 1,5 versus 1,4 das fazendas top rentáveis. O custeio/cabeça/mês também está bem equilibrado, R$ 36,94, comparado com as fazendas top rentáveis de cria, que gastaram R$ 39,82. A gente pode ver que é um índice que está bem equilibrado, produtividade com a parte financeira. Já o desembolso cabeça/mês foi um pouco alto, R$ 87,91, comparado com as top rentáveis que foi na casa dos R$ 47, mas isso foi devido ao alto investimento em infraestrutura e pastagem”, analisou Gennari.

PROJETANDO O FUTURO

A princípio, a ideia é seguir monitorando os índices para corrigir a rota e fazer com que a fazenda de cria permaneça dentro do caminho do sucesso.

“Sem disciplina você não consegue fazer as coisas acontecerem. Então, como todo mês a gente tem que lançar na plataforma os desembolsos aqui da Fazenda, o gado, a evolução e tudo mais, a gente faz com que todos os funcionários aqui trabalhem como um relógio. Todo mundo tem que cumprir as suas metas semanais e mensais para a gente conseguir implantar todos os dados dentro da plataforma”, comentou a gestora.

Atualmente a fazenda está trabalhando na área de gestão de pessoas para transformar essa disciplina em premiação para reconhecer o esforço dos funcionários. “Inclusive a fazenda está montando um projeto também de bonificação para os funcionários e ele vai surgir através dos índices do Fazenda Nota 10. Então a gente está já com esse novo projeto dentro da fazenda”, contou.

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Por fim, o conteúdo completo da série Repórter Nissan está disponível pelo vídeo a seguir: