Fatores climáticos extremos podem agravar infestação de plantas daninhas

Produtor deve estar atento para quebra da dormência das sementes no solo, mas herbicida deve ser aplicado somente após chuvas se tornarem constantes

São eventos extremos que têm o potencial de quebrar a dormência do banco de sementes no solo e, desta forma, agravar um quadro normal de infestação de plantas daninhas. Seca severa e até mesmo o fogo podem engatilhar a situação, ocorrências que foram frequentes no Brasil Pecuário na entressafra de 2020. Nesta quarta, dia 28, o engenheiro agrônomo do departamento de agronomia da Corteva Agriscience, Edson Ciocchi, advertiu o produtor quanto ao cuidados com as plantas indesejáveis nas suas pastagens.

“Nós temos um banco de sementes no solo que é formado ao longo de vários anos de infestações de plantas. Quando nós temos fenômenos climáticos extremos, como esse período seco, amplitudes térmicas e até provavelmente o fogo, nós temos uma quebra de dormência dessas sementes e então o potencial de infestação é muito alto após um período longo desse de seca”, alertou Ciocchi.

“Um ponto em que pecuarista pode observar na sua propriedade é que nesse início das chuvas a primeira parte da fazenda que começa a ter infestação de plantas daninhas é no malhadouro, em volta do cocho, porque os animais pastejam por toda a área e fazem a exportação de nutrientes e também de sementes para esta área do cocho, do malhadouro. E com o início de chuva, a gente nota ali, então, esta germinação e brotação vigorosa nessas áreas perto do cocho. Então é muito importante agora nesse início de chuvas a gente observar esta brotação e germinação dessas plantas para poder fazer o controle no momento correto”, esclareceu o agrônomo.

O especialista ponderou ainda que o produtor deve esperar o ponto ótimo de maturação da planta daninha para que o controle químico tenha o melhor aproveitamento possível. “Muito importante ficar atento porque não são só as primeiras chuvas caírem que a gente já deve entrar com o controle dessas plantas daninhas. Nós temos que aguardar as chuva se tornarem constantes e também as plantas daninhas terem folhas novas, vegetarem bem para que tenham capacidade de absorver o produto e translocar. Nesse momento agora que começam as chuvas, nós temos que aguardar esse enfolhamento das plantas, a chuva retornar de forma constante para dar início no controle. Quando nós pensamos no controle foliar, quando ele é feito no início das chuvas, […] o pecuarista tem um período maior de produção do capim para ter o retorno desse investimento”, sustentou.

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“A tecnologia Ultra-S vem ao encontro dessa necessidade do pecuarista. Na hora que as chuvas começam agora, inicia a germinação dessas sementes e também brotações de plantas. E a tecnologia traz esse controle eficiente em plantas anuais, bianuais”, sugeriu Ciocchi. “Ela traz o grande benefício […] a eliminação desta matocompetição, que é a competição da planta daninha com a forrageira por água, luz, nutriente e garantir que esse pasto possa se recuperar […] para que a planta forrageira possa ter esta reconstituição da parte aérea e do sistema radicular para que possa produzir e trazer grandes benefícios”, acrescentou.

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O profissional destacou que não é somente o dinheiro da produtividade que o pecuarista deixa escorrer pelo ralo quando não trata das suas pastagens – o prejuízo reverbera também no valor do seu patrimônio. “O pecuarista não deixa só de ganhar dinheiro na produção, nessa métrica dele em arrobas por hectare ano, ou até taxa de lotação. Ele deixa de ganhar muito na valorização da sua área. Uma fazenda que tem percentual alto de infestação de pastagens degradadas tem um valor menor de mercado. E outro ponto muito importante é o fator socioeconômico. O pecuarista nesse momento agora de valorização da arroba, em que nós temos uma arroba (de preço) considerável, ele tem que agora capitalizar o seu negócio, planejar muito bem os seus investimentos para que ele possa nesse ano preparar áreas que estão degradadas e, nesse sentido, fazer investimentos corretos para poder ter um retorno desse investimento”, detalhou.

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Ciocchi valorizou também a importância socioeconômica da manutenção da produtividade de uma propriedade rural. “Também com esse aumento de produção, se nós pensarmos na eliminação da matocompetição com esse maior poder de investimento, ele também pode ter um fator muito expressivo no fator socioeconômico da região. […] Quando o pecuarista aumenta sua produção e sua produtividade, ele tem o potencial de aumentar o número de funcionários e melhorar a região no entorno de sua fazenda”, justificou.

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Entretanto, se o pecuarista vai fazer pela primeira vez o controle das plantas daninhas em sua fazenda, Ciocchi recomendou que este manejo seja gradual e que se construa bem cada alicerce para a fazenda esteja preparada para entrar em um próximo nível de produtividade.

“A Corteva ajuda muito o pecuarista neste sentido, a eliminar as plantas daninhas, mas também a gente tem que ter, por parte do pecuarista, uma adoção gradual para poder trazer áreas que não são produtivas à produtividade. […] Nós temos que levar essa informação para o pecuarista, auxiliá-lo neste ponto e ajudá-lo a planejar e fazer isto de forma gradual. Se nós pensarmos que em uma propriedade o pecuarista tem 100 cabeças em 100 hectares, uma cabeça por hectare, e então ele passa a usar tecnologia em toda a área – não só herbicida, como adubação e tudo mais – ele pode quadruplicar esta lotação. Então ele passa para um rebanho de 400 cabeças. Olhe o nível de investimento que ele tem que ter em compra de novos animais… E possivelmente ele vai se descapitalizar! Então a recuperação de áreas, tratamento e controle de plantas daninhas têm que ser feitos de forma gradual nas áreas que têm melhor perfil, áreas que têm grande estande de capim e que nós podemos fazer o controle para trazer este pasto novo à produtividade”, ponderou.

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O uso da mais recente tecnologia lançada pela companhia, a linha Ultra-S, por exemplo, chegou a quintuplicar a produção de matéria verde em áreas de testes (veja na imagem abaixo). “Essa foi uma área de manutenção, foi conduzida pelo Departamento de Agronomia […]. Nós notamos nesta área uma alta infestação de plantas daninhas em que esta briga por nutrientes, que muitas vezes já é escasso pela baixa fertilidade do solo, segura muito a produtividade, ele não deixa produzir. Quando nós eliminamos esta matocompetição e deixamos o pasto se recuperar na parte aérea e radicular, a gente teve este incremento de cinco vezes comparado à área degradada”, observou.

Ainda em sua participação no Giro do Boi desta quarta, 28, Ciocchi esclareceu dúvidas de pecuaristas de todo o país, com os seguintes tópicos:

Tempo de veda após aplicação e cuidados com plantas tóxicas

Esse ponto (tempo de veda) é muito importante, principalmente em áreas que nós temos infestação de plantas tóxicas. É importante que eu espere que esta planta seque para que o animal não vá ingerir ela e ter problema com intoxicação. Tem áreas que o pessoal chama de área ervado e quando o pecuarista está levando o gado para o curral, muitas vezes o animal chega a cair e ficar pedalando, com sintoma neurológico, e traz grande prejuízo. Então quanto ao tempo, fique atento no caso de não ter planta daninha. A gente pede que seja até o momento que pasto se recupere. Isso depende da fertilidade do solo também. São 30 a 60 dias, dependendo da condição”.

Controle da planta daninha jurema no Semiárido baiano

A jurema é uma planta que tem espinhos, então é uma mimosa. E os espinhos dessa planta inibem o pastejo no seu entorno. A gente tem uma produção de massa no entorno dessas plantas, mas não tem o pastejo porque o animal vai pastejar e o espinho vai no focinho, então ele não volta mais. A gente pode fazer o controle de forma localizada, basal. A gente faz controle com Togar TB, é um produto utilizado no tratamento basal”.

Controle do arroz-do-campo no Espírito Santo

Esse é um problema muito grande, que é a infestação de gramíneas nas forrageiras. Nós não temos produtos registrados nesse sentido deste controle, mas uma dica que eu posso dar é que o pecuarista fortaleça a sua forrageira, que ele faça o manejo adequado e, com essa pressão da forrageira, ele possa segurar e até diminuir, no caso, a pressão dessa planta daninha”.

Controle da malícia de árvores na região de Dois Irmãos do Buriti-MS

São casos extremos. O importante é nesses casos a gente ter um acompanhamento de um técnico para poder ver qual é a situação desta área, o grau de infestação para definir o melhor tratamento”.

Controle de infestação de bambu na região de Conceição de Macabu-RJ

Tem muitas regiões que o bambu taquara é presente. Até no Pará! Nós não temos um produto registrado para este controle. Muitas vezes uma alternativa, dependendo do porte desta planta, é o arranquio, utilizando máquinas e depois o plantio de forrageira nessas áreas, nessas reboleiras onde estava o bambu”.

Seletividade da tecnologia Ultra-S para gramíneas

Nós temos a seletividade para a grande maioria das forrageiras. Temos algumas forrageiras que têm particularidades neste processo. Uma delas é o Massai, que é um capim que tem uma sensibilidade a todos os herbicidas. Quando a gente faz esta aplicação sobre o Massai, ele tende a amarelar de alguma forma. É importante que antes da aplicação, nesses casos, o pecuarista faça o pastejo dessa área para diminuir esta área foliar do capim e diminuir a absorção do herbicida. Mas a tecnologia Ultra-S é seletiva para a grande maioria dos Panicuns, das Braquiárias, trazendo grande segurança”.

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Confira a entrevista completa com Edson Ciocchi no vídeo a seguir: