Estou mudando para Rondonópolis-MT. Quando começam as chuvas e a seca por lá?

Telespectador quer saber qual é a dinâmica das estações na região; meteorologista apontou também a previsão para as últimas águas de março e tendências de outono

O telespectador Paulo Junior disse que está de mudança de São Paulo para Mato Grosso e quer saber quando ocorrem as estações de seca e chuva na região de Rondonópolis, uma dúvida que foi esclarecida na previsão do tempo no Giro do Boi desta sexta, 19, pelo o meteorologista e doutor em ciência ambiental pela USP Marcelo Schneider, coordenador regional do Inmet, o Instituto Nacional de Meteorologia, órgão vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

“A gente sabe que, no Brasil, nós temos dois padrões bem definidos nessa região mais central do Brasil. […] Rondonópolis está dentro dessa faixa de corredor, então pelo menos de três a quatro meses, a regra, ou normalmente costuma ter mais chuvas entre dezembro, janeiro, fevereiro e também março. E aí o padrão muda radicalmente, o padrão seco se instala na maior parte do Brasil, pelo menos 70 a 80% do território brasileiro, principalmente na Região Central, que fica com tempo seco, muitas vezes quente, quando a frente fria não atua com baixa umidade, tem aquelas queimadas, os veranicos bem prolongados. E é a situação em que está inserida a região de Rondonópolis no trimestre de junho, julho a agosto”, delimitou.

Schneider destacou qual é a previsão do tempo para os próximos dias. “A previsão para sexta e sábado indica a manutenção das pancadas de chuva, principalmente da tarde para a noite, em todo esse setor Centro-Norte do País. No Nordeste, tem esse limite bem demarcado, bem drástico entre a parte oeste da Bahia e a parte mais ao norte do Tocantins, já pega também o sul do Matopiba, onde tem boas chuvas em função dessa umidade correndo”, disse.

“O estado de São Paulo vai ser beneficiado novamente pelo corredor de umidade. Notem que sexta e também sábado (tem chuva) nessa parte noroeste. E tem uma mudança importante novamente no Sul, […] principalmente na virada sábado e domingo, quando tem uma frente fria chegando […], o que pode, inclusive, gerar alguns temporais. […] Pelo menos domingo, segunda e terça serão três dias quando pode chover forte entre a divisa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina, principalmente em algumas áreas do centro-leste catarinense e talvez no sul do Paraná. Dependendo do deslocamento desse sistema, algumas áreas devem ter volumes excessivos na virada de domingo até quarta-feira”, projetou.

A condição do tempo na região pode levar à formação de temporais e granizo. “Aqui está o mapa de granizo para o sábado. Tem uma preocupação, então vai um alerta para os agricultores de todo o estado do Rio Grande do Sul, mas principalmente a metade oeste, noroeste de Santa Rosa até a região de Bagé, Campanha, principalmente, indo até os arredores de Santa Maria, onde já ocorreram alguns estragos em função dos vendavais dessa última semana. Isso pode se repetir de alguma forma, pelo menos em forma de granizo ou vento forte. Algumas áreas estão suscetíveis a esses temporais nessa região na virada de sábado para o domingo”, avisou.

“Enquanto isso, nesses três a quatro dias, vai ter menos umidade, uma umidade suficiente para provocar chuvas de final de tarde, mas não chuvas contínuas nessa faixa que vai toda do norte de São Paulo até essa parte do interior do extremo-sul da Bahia”, acrescentou.

“O que se pode perceber é que tem aumentado gradativamente a umidade no norte da Região Nordeste, que pega áreas do semiárido, pega também o agreste, o centro-norte do Ceará, o Rio Grande do Norte, o Piauí. Essas áreas estão sendo beneficiadas”, confirmou o meteorologista.

O especialista informou também que o volume de chuvas dos próximos dias podem seguir prejudicando a colheita em algumas áreas produtoras de grãos. “Essas partes do Rio Grande do Sul, principalmente centro-sul, pontualmente podem ter volumes acima de 20 a 30 mm. A outra área em destaque é a parte do leste paulista, onde tem continuado a chover, […] e em algumas áreas a chuva tem até prejudicado a colheita, como no norte de Mato Grosso, algumas áreas do sul do Pará. A chuva também é bem vinda em algumas áreas, mas também pode ter excesso de umidade entre o sul do Maranhão e outras áreas do Tocantins”, ponderou.

“O acumulado desta sexta, 19, até o dia 24, como resumo repete esse padrão. A frente fria que deve ficar estacionária ali de domingo até terça-feira e provoca mais volumes no centro-norte gaúcho, pegando Santa Catarina. Algumas áreas podem ter volumes acima dos 50 mm e toda essa metade norte do Brasil […] ainda têm essa preocupação sobre a possibilidade de as máquinas irem a campo e terminarem o processo de colheita. Os volumes de chuvas […], em algumas áreas, podem passar dos 150 e chegar até mesmo aos 200 mm na divisa tríplice entre Rondônia, norte de Mato Grosso e sul do Pará. […] Outra área nas proximidades entre o Pará e o Maranhão também, então vai o aviso dessas áreas com bastante chuva acumulada”, antecipou.

Schneider revelou a previsão para as últimas águas de março. “A segunda semana de previsão, fechando as águas de março, de 25 até 31 de março, tem uma sinalização do modelo americano de uma nova tendência de chuvas entre Santa Catarina e Paraná. Essa área deve subir um pouco, pela projeção da possibilidade da fase ativa da oscilação de Madden-Julian, então deve puxar um pouco mais de chuvas nessas áreas do Sudeste, pegando também eventualmente parte aqui do sul da Bahia ou Minas Gerais. O que continua para essa última semana de março é a chuva bem ativa ao Norte e Nordeste do Brasil, principalmente essa área fazendo divisa com Ceará, Rio Grande do Norte pegando até o Piauí, Maranhão, indo até a região de Rondônia e Acre”, detalhou

O meteorologista do Inmet apontou ainda tendências do tempo para o outono, que começa já neste fim de semana. “Projeção de médio e longo prazos, entrando o outono no sábado, dia 20, às 6h38 da manhã. Para os meses de abril e maio há uma sinalização de uma tendência de chuva um pouco abaixo do normal em parte do Centro-Sul e uma virada entre o final de maio e junho, com um pouco mais de chuva vindo. E aí as temperaturas de inverno podem ser já sinalizadas entre o final de maio e junho, principalmente com ondas de frio chegando. É uma tendência desse outono, ter altos e baixos. Alguns períodos de veranico […] e quando a frente fria entrar no Brasil, ela deve ser bem forte, trazendo essas quedas bruscas de temperatura e não descartando, eventualmente, as geadas, que devem ficar mais para o final de maio e início de junho”, estimou.

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Confira a previsão completo do tempo que foi ao ar nesta sexta, 19:

Foto: Matusalém Teixeira / Prefeitura Municipal de Rondonópolis