Em apenas oito passos o pecuarista pode traçar o caminho para a produção da pastagem ideal para o boi. O alimento é mais econômico para a engorda de gado no País.
As recomendações vieram de uma das maiores pesquisadoras da área de pastagem no País, a zootecnista e professora Janaína Martuscello.
Ela foi a entrevistada principal no programa Giro do Boi desta quarta-feira, 17.
A pesquisadora possui mestrado, doutorado e pós-doutorado em área de forragicultura e manejo de pastagens. Martuscello é integrante do time de mentoria do programa Fazenda Nota 10.
A especialista destaca: “Seu dinheiro é capim, o dinheiro do pecuarista é capim e vamos transformar isso aí em arrobas.”
Confira abaixo os oito passos que ela recomenda para garantir o pasto bem produtivo:
1º passo: pasto ideal para o seu bioma ideal
O manejo de pastagens deve começar analisando quais as variedades de plantas mais recomendadas para cada tipo de bioma no País.
A mesma espécie de planta pode ter desempenho diferente em biomas diferentes. Por isso o pecuarista deve se preocupar com isso.
2º passo: diagnóstico completo do solo
Fazer uma análise de solo completa vai ajudar e muito a definir as espécies de plantas mais adequadas e a tirar o maior potencial da forrageira para o gado.
“Uma análise completa é importante porque podemos conhecer também a física do solo. Ela é tão importante quanto a química. Essa análise indica o que preciso saber sobre os nutrientes que devem ser colocados na terra”, diz.
A recomendação é da coleta de 20 amostras a cada um hectare de terra. A coleta é feita em zigue-zague pela área. As amostras devem ver depositadas em baldes de plástico pois não corre o risco de alterar as características do solo coletado.
3º passo. A correção do solo
Com os dados da análise deve ser definida a necessidade de correção da área. Nesse caso entra a opção de calagem do solo.
É importante deixar o calcário agir por, pelo menos, 90 dias, segundo a pesquisadora. No entanto, a calagem depende da água da chuva para surtir o efeito desejado.
“A calagem é um excelente condicionador de solo. Ela vai neutralizar o alumínio que pode ser tóxico para as nossas plantas. Ela vai dar cálcio, magnésio e vai elevar o pH”, diz Martuscello.
4º passo. Uso de sementes de qualidade
A recomendação é sempre comprar sementes de qualidade, pois ela garantirá, realmente, o estabelecimento do capim.
Hoje muitas tecnologias estão associadas à sementes como tratamento prévio a possíveis doenças e ataques de pragas no solo.
5º passo: cobrir a semente da variedade de pasto
O melhor estabelecimento das espécies forrageiras são de plantas em que a semente foi coberta pelo solo.
Por isso não é recomendado fazer a semeadura a lanço e esperar que a chuva enterre a semente na terra.
6º passo: quando se preocupar com plantas daninhas e pragas da pastagem?
Em geral, segundo a pesquisadora, se feitos todos os passos até agora, uma planta forrageira consegue competir muito bem com plantas invasoras e com a cigarrinha.
No entanto, de 20 a 30 dias de germinação podem surgir problemas com plantas invasoras.
7º passo: quando abrir o pasto para o gado?
O prazo pode ser de 60 a 90 dias do estabelecimento do pasto para entrar com o gado na área.
No entanto, o produtor pode fazer o teste, entrando na área e simulando a colheita do capim com a própria mão (confira a explicação de Martuscello durante a entrevista).
8º passo: quando tomar a decisão de reformar ou recuperar?
Em termos gerais, a tomada de decisão de reformar ou recuperar o pasto é feita se, de fato, o capim estiver com muita baixa qualidade.
“No entanto, mais importante do que a gente tocar o capim é a gente aprender a manejar o capim que estava lá anteriormente”, alerta a pesquisadora.
Não deixe de conferir a entrevista na íntegra no vídeo acima.