Estão sobrando vagas de emprego no campo, revela especialista

“Nós temos muitas vagas! Tem semanas que a gente fica desesperada atrás de possibilidades de candidatos que se encaixem nos perfis que os produtores têm buscado. E mesmo assim a gente não consegue encontrar”, admitiu em entrevista ao Giro do Boi desta segunda, 23, a pedagoga, jornalista e consultora em gestão de pessoas e desenvolvimento humano em empresas rurais na Destrave Desenvolvimento, Jacqueline Lubaski.

Segundo a especialista, produtores com propriedades principalmente no Tocantins, em Mato Grosso, Rondônia (região de Chupinguaia) e Goiás estão buscando profissionais para vagas como motorista, gestor, capataz, vaqueiro e operador. “Tem vaga para todas as funções, inclusive por conta da safra. E daqui a pouco começa também a vacinação (aftosa). Então as pessoas começam a anunciar”, salientou.

“Tem várias empresas desesperadas […] Elas têm buscado profissionais e não conseguem encaixar o perfil certo”, reforçou.

E qual o perfil certo? Lubaski ilustrou a situação com a resposta bem humorada que recebeu de um produtor para o qual presta consultoria. “Quanto ao perfil certo, esses dias atrás um cliente disse: ‘Jacque, eu preciso de um colaborador’. E eu perguntei: ‘de que você precisa? Alguma formação?’. Ele disse ‘pode ser médico ou professor de educação física. Ele querendo trabalhar é o que importa’”, recordou.

Os interessados nas vagas podem enviar currículo para o e-mail [email protected], acrescentando a vaga buscada no título da mensagem, ou ainda procurar mais informações pelos perfis de Instagram @destravedesenvolvimento ou @jacquelinelubaski.

Jacque ainda ofereceu uma dica aos profissionais que buscam preencher as vagas de empregos no campo. “Qualifique-se para você estar no mercado e ser procurado, não procurar emprego. Essa é a grande dica que a gente deixa. Você tem que ser procurado e não procurar emprego”, aconselhou.

A alta procura se deve ao desempenho do setor em 2020, além de tendência de continuidade do bom momento em 2021. “Saiu na CNA uma pesquisa apontando que em 2020 o setor teve o maior índice de geração de empregos desde 2011. […] O agro tem contratado muita gente porque o nosso segmento cresceu muito dentro dessa pandemia. Às vezes as pessoas falam que a gente puxa a sardinha para o nosso lado, mas foi o agro que manteve o nosso país em andamento e, dentro da medida do possível, foi o segmento que mais empregou e trouxe estabilidade para o país. A gente tem que estar muito feliz porque a gente não parou nessa pandemia. A gente tem é trabalhado mais do que antes. Com todos os cuidados, mas a gente tem trabalhado muito”, orgulhou-se.

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Em sua entrevista, Lubaski compartilhou ainda os resultados de uma pesquisa que fez com pecuaristas e gestores de fazendas de pecuária sobre a gestão de recursos humanos na dentro da propriedade.

“Vai muito ao encontro do que a gente tem falado de perfis que os gestores têm buscado. A gente perguntou para o dono da fazenda e para o gestor ‘quais atribuições devem ser desenvolvidas e treinadas para levar o seu gestor para o nível técnico desejado’. É o que o pecuarista acredita que precisa ser treinado em seu gestor para que ele se desenvolva para um perfil mais desejado dentro do agro. [… 42% dessas pessoas que responderam apontaram ‘gestão de pessoas e equipe’ e o clima dentro da fazenda – clima de ambiente, de relacionamento. Quando existe um clima favorável e harmonioso dentro de uma propriedade, com certeza o resultado é muito maior”, revelou a especialista.

“A gente sabe e está mais do que provado. Às vezes a gente não tem números, mas nas propriedades que têm se preocupado com a gestão de pessoas, como qualificar o seu gestor e a sua equipe e construir um ambiente harmonioso, os resultados com certeza são muito melhores. Dentro do Fazenda Nota 10, a gente tem constatado isso, o quanto a gestão de pessoas tem contribuído”, reforçou.

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Conforme destacou a consultora, a demanda por avanços na gestão de pessoas na fazenda acompanha a evolução da pecuária de corte. “A pecuária tem crescido muito nessa questão tecnológica. Antigamente só se falava da agricultura, mas a pecuária tem buscado e, com certeza, é algo que não tem mais para onde fugir. Para aquele pessoal que quer manter o filho trabalhando no campo, mas tem dificuldade e fala ‘mas o meu menino só gosta de computador’, eu digo ‘excelente!’. Se ele gostar de computador e gostar de fazenda, está no caminho certo”, comparou.

Jacque lamentou, entretanto, que muito embora tanto pecuarista como gestores reconheçam a importância dos avanços na gestão de pessoas na fazenda, a busca por capacitações nesta área ainda não seja prioridade. “Eles sabem disso, mas não têm investido. Então vamos lá, produtores e gestores! Vocês têm visto essas respostas e têm acreditado que esse realmente é o caminho certo para você melhorar ainda mais a sua performance, tanto da fazenda quanto a sua como gestor. Você verifica que realmente é o trabalho de gestão de pessoas que faz diferença. Partindo desse princípio, a gente tem visto que as pessoas não têm buscado essas qualificações. Então procurem esses treinamentos, acompanhem redes sociais e pesquisem porque não tem outro caminho. A gestão de pessoas tem que ser treinada, é o maior gargalo nosso no agro”, observou.

Em meio aos resultados da pesquisa sobre gestão de pessoas, a especialista lamentou que programas de incentivo ao desempenho dos colaboradores não sejam praticados com frequência pelas fazendas de pecuária. “A gente perguntou aos produtores e vocês verifiquem que 39% não aplicam benefício nenhum. Esse é um grande desafio. […] Meritocracia é algo que incentiva as pessoas a participarem do negócio, a se sentirem donas da sua fazenda, então crie método para a meritocracia, como o prêmio de participação nos resultados, nos lucros, crie uma comunicação aberta e muito claro para que o colaborador entenda. Somente 26% (dos pecuarista) pagam comissão e participação nos resultados. Essa é a realidade da pecuária. Na agricultura isso sobe muito”, frisou.