Um estudo da Embrapa Pecuária Sul está reforçando a genômica para controlar carrapatos em bovinos de forma natural. Assista ao vídeo abaixo e confira os desafios dessa pesquisa.
Nesta sexta, 30, o Giro do Boi levou ao ar um episódio da série Embrapa em Ação gravada na unidade Pecuária Sul.
Desta vez, o tema em destaque foi o uso da genômica para reformar o controle natural de carrapatos em bovinos. Em outras palavras, usando uma resistência natural dos animais para controlar os parasitos com menor necessidade de uso de produtos químicos.
Conforme contextualizou a pesquisadora Cláudia Gomes, da Embrapa Pecuária Sul, os estudos com genômica para o controle natural de carrapatos em bovinos começou em 2010.
A princípio, as pesquisas envolveram a seleção de animais das raças Hereford e Braford e buscaram marcadores genéticos que tinham relação com maior resistência ao carrapato. Nesse sentido, à época, os estudos contaram com parceria da Conexão Delta G e GenSys.
Antecipação da seleção genética estudada na Embrapa
“A partir desse banco de dados, então, foi possível identificar marcadores genéticos relacionados à resistência ao carrapato. Com essa informação, portanto, se monta uma equação de predição da resistência do animal. Tendo essa DEP genômica, que é o valor genético do animal para aquela característica, a gente consegue fazer cruzamentos para melhorar a resistência do rebanho como um todo. Ou ainda um segundo tipo de estratégia, que é identificar animais mais sensíveis e eliminá-los do rebanho”, ilustrou a especialista.
Conforme acrescentou Gomes, os estudos sobre a genômica para o controle natural de carrapatos em bovinos tiveram impacto expressivo e em um curto período de tempo.
“A resistência ao carrapato é uma característica genética que passa para os descendentes. Nesse sentido, nesse trabalho que nós fizemos com as raças Braford e Hereford nós conseguimos demonstrar que em apenas uma geração, usando sêmen de animais com alta resistência em comparação ao sêmen de animais de baixa resistência, é possível reduzir em um terço a carga parasitária dos animais. É muito em apenas uma geração! Então a seleção genômica proporciona isso, essa redução de tempo para esse ganho genético”, observou.
+ Em sistema que controla carrapato sem químicos, parasito morre “de tristeza”
Segundo Cláudia, os estudos já concluíram a genotipagem de três mil animais das raças Hereford e Braford. Agora, o mesmo trabalho está sendo feito para a raça Angus.
+ Angus made in Brazil: projeto quer adaptar a raça para expandir uso nos trópicos
As vantagens da genômica em bovinos
Logo depois, a pesquisadora lembrou algumas das vantagens no uso da genômica na seleção de gado de corte. Mais do que acelerar o processo, a técnica viabilizar selecionar indivíduos sem a necessidade de expor ao ambiente.
Por exemplo, encontrando reprodutores mais resistentes ao carrapato sem precisar verificar uma infestação na prática. Além disso, Gomes comentou que a genômica aumenta a confiança nos dados que resultam das pesquisam.
“A precisão com que a gente está estimando a resistência do animal ao carrapato é superior do que a gente usar simplesmente o fenótipo. […] Nas raças Braford e Hereford, chega a ser o dobro. […] No momento, o banco que a gente tem da raça Angus, no estágio que nós estamos atualmente, de coleta de informações, a gente já consegue fazer uma predição […]. Ou seja, a gente consegue identificar qual o grau de resistência daquele animal sem precisar expor ele ao parasitismo”, revelou.
Uma mãozinha da Embrapa para a fazenda
Posteriormente a pesquisadora lembrou que não somente os animais em si obtém os benefícios da resistência. O controle natural de carrapatos em bovinos ocorre porque os artrópodes também diminuem a infestação nas pastagens. Ou seja, ajudando a fazenda como um todo.
“Quando os animais do rebanho se tornam mais resistentes, eles não somente eliminam mais carrapatos e larvas que estão subindo em seu corpo, como também os carrapatos que não foram eliminados, as fêmeas. Eventualmente elas vão cair no campo e vão produzir menos ovos”, acrescentou.
“Então, quando a gente fala em seleção genômica para resistência ao carrapato, a gente tem que pensar no efeito em longo prazo”, reforçou.
Por último, a pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul salientou também que a seleção para a resistência ao carrapato não prejudica outras características entre as DEPs.