Em dezembro de 2019, depois de concluído um longo trabalho de seleção por parte de pesquisadores, a Embrapa apresentou ao mundo sua primeira cultivar de amendoim forrageiro propagada por sementes, a BRS Mandobi.
A notícia animou produtores que nas áreas mais distantes dos centros de distribuição de adubos nitrogenados ou onde a integração é inviável e o capim, portanto, vira uma cultura perene. Mas a pandemia freou a chegada do lançamento até as propriedades por conta de que sua produção requer uso intensivo de mão de obra. Por isso, agora a Embrapa busca parcerias para acelerar o processo de chegada da novidade dentro das porteiras. Foi o que destacou o chefe-adjunto de transferência de tecnologias da Embrapa Acre Bruno Pena em entrevista exibida nesta quinta, dia 30, para a série especial Embrapa em Ação, no Giro do Boi.
Além de atualizar o status da comercialização da BRS Mandobi, Pena, que é médico veterinário mestre e doutor em ciência animal, explicou as vantagens do uso da leguminosa no consórcio com pastagens.
“Com o amendoim lá, a dieta daqueles animais vai estar melhorada por conta dessa alta de proteína. E quando a gente parte para a vantagem da fixação biológica de nitrogênio, aí não há dúvida de que é um salto importantíssimo que o produtor toma. Pensando que na nossa região (Acre) insumos como a ureia e diferentes adubos que são fontes de nitrogênio são caríssimos por conta de frete, e aqui não é uma região produtora, então esse insumo chega aqui muito caro. E nós temos propriedades que nós visitamos aqui que têm pastagens com 24 anos consorciadas com amendoim forrageiro, que fixa o nitrogênio. Ele tem a capacidade de, em algumas situações, fixar até 100 kg de nitrogênio por hectare ao ano onde não se fez adubação nitrogenada. Ou seja, reduziu muito o custo. O próprio amendoim aduba o pasto para o produtor”, justificou.
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Antes do lançamento da BRS Mandobi, tal consórcio só poderia ser feito com o plantio de mudas, o que mudou com a nova cultivar, fruto de um programa de melhoramento genético de amendoim forrageiro que tem, ao todo, 20 anos de trabalhos.
“Nós temos diferentes genótipos, nós temos o banco ativo de germoplasma lá no campo e a partir de materiais promissores, são realizados cruzamentos entre esses genótipos, visando novas cultivares que tenham uma resistência maior à seca, por exemplo, cultivares que são maiores produtoras de sementes. Esse é um foco muito importante do programa do amendoim forrageiro, que visa desenvolver cultivares, logicamente, muito produtivas a campo, mas que também possam produzir uma quantidade de sementes adequada”, salientou.
Bruno Pena comentou qual a importância do lançamento de uma cultivar que se propaga por sementes no mercado nacional. “(Além da Região Norte) O amendoim é recomendado para outras regiões também, como Mata Atlântica e algumas outras regiões do país. Quando o produtor percebe o potencial produtivo que tem a cultivar, mas vê que poderia ficar limitado por conta de mão de obra, acesso às mudas, que é um processo de implantação mais oneroso e mais dificultoso, ele deixa de tomar aquela decisão de implantar essa nova cultivar que iria trazer benefício para ele. Então quando a gente consegue disponibilizar semente, facilita para o produtor e aumenta a chance de adoção desta cultivar”, analisou.
Veja pelo link a seguir mais informações sobre a cultivar e sobre o edital para o acordo de cooperação de empresas privadas com a Embrapa para a produção e comercialização de sementes da BRS Mandobi;
+ Amendoim forrageiro cv BRS Mandobi – Embrapa Acre
Confira pelo vídeo a seguir a reportagem completa da série Embrapa em Ação: