Em piquetes sombreados, gado bebe menos água e produz mais embriões

Estudo da Embrapa descobriu que, na sombra, visitas aos bebedouros diminuem em 19%, a produção de embriões é 20% maior e animais passam mais tempo ruminando

Nesta sexta, 05, o Giro do Boi repercutiu um estudo recentemente publicado pelo pesquisador Alexandre Rossetto Garcia, da Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos-SP, sobre eficiência de vacas de corte em pastos sombreados, frutos do sistema de integração lavoura-pecuária-floresta.

Garcia, que é médico veterinário e doutor em reprodução animal pela USP, observou entre dezembro de 2016 e junho de 2017 (período escolhido para que os animais passassem pelas maiores variáveis climáticas anuais, entre verão e entrada de inverno) o desempenho de vacas canchim primíparas, com bezerro ao pé, e fez descobertas importantes, entre elas diferença de produtividade entre as que estavam em pastos com sombra e outras nos pastos descobertos, onde a diferença de temperatura chegava a 3ºC, o que, de acordo com o veterinário, é uma mudança expressiva.

O pesquisador acompanhou variação de temperatura corporal, frequências cardíaca e respiratória, sudorese e comportamento das fêmeas no sistema de produção e, ao fim do projeto, apontou que as vacas em piquetes sombreados fizeram 19% menos visitas aos bebedouros de água do que o outro grupo.

Mais do que isto, Alexandre Rossetto também constatou que a produção de embriões pelas matrizes também foi melhor, saltando de 36% para 43%, um acréscimo de 20%.

Outro benefício do sombreamento, apontou o doutor, foi o tempo maior de ruminação, o que indica que a conversão alimentar também pode ser mais eficiente. “Os animais que estavam em áreas sombreadas tiveram tempo maior dedicado a esta atividade”, frisou, destacando que deste modo o bovino consegue aumentar a disponibilidade dos nutrientes dos alimentos ao seu organismo.

Confira a entrevista completa com o pesquisador:


Foto: Gisele Rosso / Divulgação Embrapa Pecuária Sudeste