O Giro do Boi deu motivos para ‘sextar’ mais cedo nesta manhã do dia 10. O cantor e compositor Eduardo Araújo, 79 anos, participou do programa no quadro “O Lado Pecuarista do Artista”.
Natural de Joaíma (MG), na região do Jequitinhonha, Araújo era fazendeiro antes de se consagrar entre os cantores de rock da Jovem Guarda. Seu pai, Coronel Lídio Araújo, comprou a fazenda Aliança em 1922.
Com a morte dele, Araújo e a mãe, Maria Araújo, passaram a tomar conta da fazenda. Hoje, é ele que toca a propriedade, aliando uma produção de touros Brahman, azininos, muares e equinos.
“Estou na música até hoje por causa do campo. Teve uma ocasião que eu queria parar. Eu fazia muito rock, que era uma coisa muito urbana. Mas, de repente, eu consegui fazer um equilíbrio entre o campo e a música”, diz Araújo.
Inspiração musical do campo
Hoje suas composições aliam o rock e o sertanejo. Mas foi uma situação do campo que deu inspiração para ele escrever junto com Carlos Imperial a canção “Vem Quente Que Eu Estou Fervendo”, lançada em 1967.
Ele fala que foi uma discussão que ele acompanhou na fazenda do seu irmão. O irmão dele estava vendo um gado para um sujeito do norte que estava reclamando o peso do gado. “Teve uma hora que meu irmão falou, pode tirar umas 10 do lote e pode vir quente que eu estou fervendo”, diz Araújo.
O lado pecuarista do cantor
O pai de Araújo teve inclusive uma grande participação para a formação do rebanho Brahman na Austrália. O pecuarista foi um dos primeiros exportadores de animais para o país da Oceania.
A informação foi até lembrada pelo criador Gustavo Rodrigues, presidente da Associação dos Criadores de Brahman do Brasil. Ele mandou uma mensagem gravada para Araújo.
“O cantor carrega no sangue o seu DNA a criação do zebu. Seu pai, Coronel Lídio Araújo, começou com esse trabalho na criação do zebu há cerca de 100 anos no vale do Jequitinhonha no Estado de Minas. Ele foi um dos responsáveis que participaram das exportações de gado zebuíno para a Austrália, contribuindo com a formação do Brahman australiano”, diz Rodrigues.
A turnê e a fazenda
Prestes a fazer 80, em julho, o artista e pecuarista ainda continua com sua vida nos palcos. Agora está com a turnê “Do country à viola”.
O show une a sua origem caipira com a alma de roqueiro. Araújo faz questão de preservar a cultura caipira e homenageia grandes amigos seus. “Hoje, o campo e a música são uma mistura muito prazerosa para mim. Não sei fazer uma sem a outra. Pois, uma dá inspiração para outra”, diz Araújo.