Assim que as chuvas retornam e o pecuarista identifica em seu pasto as primeiras plantas daninhas brotando já é a hora certa de aplicar o defensivo? É importante que o pecuarista saiba esta resposta nesta entrada de período da seca para planejar a limpeza de pastagem para quando as águas voltarem no Brasil pecuário, junto à primavera/verão.
“A gente tem que tomar muito cuidado com este ponto, é uma boa pergunta. Porque quando nós notamos as plantas e elas começam a brotar, e ela está com pouca brotação, ela tem pouca folha para absorver o produto (herbicida). Então ela acaba não absorvendo a quantidade suficiente para matar o sistema radicular. Nós temos que ter uma certa relação de área foliar e sistema radicular para garantir que a absorção via folha seja boa, uma quantidade adequada para poder eliminar o sistema radicular”, respondeu a um telespectador do Giro do Boi nesta quinta, 30, o engenheiro agrônomo do departamento de agronomia da Corteva Agriscience, Edson Ciocchi.
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Geralmente isto ocorre pouco depois do início do período chuvoso, que é o ponto ótimo para aplicação do herbicida, tanto em termos de rendimento do produto nas plantas daninhas quanto no maior espaço de tempo para o capim se desenvolver ao longo de todo o período das águas. “Quando nós aplicamos herbicida no início da estação chuvosa, nós garantimos que nós vamos aproveitar todo potencial produtivo do capim.[…] Quando nós aplicamos herbicida praticamente em novembro, dezembro, nós temos todo período chuvoso para que o capim produza e destrave o benefício do uso do herbicida”, destacou Ciocchi. Em contrapartida, completou, “quando nós realizamos a aplicação no tarde, nós vamos sempre diminuir estes benefícios”.
Ciocchi disse que a aplicação do herbicida no final de uma estação chuvosa pode ser viável para alguns pecuaristas em situações específicas, o que pode fazer com que o capim entre na próxima estação das águas sem a competição das invasoras de pastagens por água, luz e nutrientes.
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O agrônomo falou também sobre o prazo de carência que o pecuarista deve esperar para voltar com gado no piquete depois da aplicação do herbicida. O ideal, de acordo com Ciocchi, é 30 a 60 dias, o que se aproxima do período necessário para o capim se recuperar. Caso o pecuarista não espere a recuperação da forrageira para voltar com o gado, a degradação pode ocorrer.
“É bom frisar que, ao ter uma alta infestação de plantas daninhas, (isto evidencia o fato) de a área estar processo de degradação. E quando nós realizamos a aplicação de herbicidas, nós eliminamos essa competição e nós temos que dar um tempo para o pasto recuperar, para que o capim possa brotar novamente. Então geralmente quando a gente faz a aplicação, nós demoramos 30 a até 60 dias, dependendo do grau de degradação (ou infestação) para que o pasto possa recuperar”, detalhou.
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O agrônomo fez um alerta ainda para que o pecuarista não volte com o gado no piquete logo na sequência por conta da possibilidade de o boi ficar atraído pelo sabor do herbicida e se alimentar das plantas em que foi aplicado. “O grande problema de realizar aplicação com gado dentro é que nós temos plantas tóxicas na área. Quando nós aplicamos herbicida na área e nós temos plantas tóxicas, o gado acaba ingerindo esta planta por motivo de ficar mais atrativa para ele, e pode ocorrer o caso de intoxicação por plantas”, advertiu.
“Esse período de retorno a gente fala em torno de 30 a 60 dias, mas ele vem a partir momento que o capim está recuperado. Por que nós fazemos o controle das plantas daninhas? Para trazer o pasto que está degradado pela ação de plantas daninhas e outras pragas, como cupim, percevejo, mais para a fase produtiva, que é aonde ele estava no início (formação). Então a gente tem que pensar sempre que o ponto de retornar com o gado é assim que o pasto recuperou. Não adianta eu aplicar herbicida hoje, manter o gado dentro da área e o pasto rapado. Assim eu continuo dando condições para degradação. (Nesta área) Nós temos plantas daninhas, sementes de plantas daninhas no solo, que a gente chama de banco de sementes. Quanto mais eu raspo o pasto, mais exponho o solo, mais eu quebro a dormência dessas sementes pela diferença de amplitude térmica, variação de temperatura, e pode ocorrer muitas vezes um novo ciclo destas plantas”, disse.
O agrônomo reforçou que adotar este protocolo de limpeza de pasto é imprescindível para que o produtor não perca o investimento nos produtos. “Quando eu uso a ferramenta herbicida, eu devo adotar todas as boas práticas para recuperar este pasto. Não posso perder o investimento no controle de plantas daninhas […], eu tenho que ganhar com ele”, concluiu.
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Para mais dúvidas sobre controle de plantas daninhas, o agrônomo disponibilizou seu e-mail, [email protected].
Veja a entrevista completa com Edson Ciocchi pelo vídeo abaixo: