Desperdício de carne com abscessos vacinais chega a 3 kg por carcaça

Médica veterinária alerta para importância das boas práticas na vacinação contra aftosa para evitar prejuízo da cadeia produtiva

Em uma rápida observação feita em unidades de abate pelo país em 2018, a indústria detectou desperdício de 1,5 a até 3 kg de carne por carcaça por conta de reações vacinais. Quem trouxe o número expressivo ao Giro do Boi desta sexta, 08, foi a médica veterinária e diretora de qualidade da Friboi, Emília Raucci.

Raucci comentou a importância das recentes mudanças em relação à vacina, que visam diminuir a incidência de abscessos, como a retirada do veículo responsável por boa parte das reações e também a diminuição da dose de 5 ml para 2 ml, mas ponderou que o fator mais relevante do processo é o pecuarista conduzir o manejo de imunização como “manda o figurino”.

“É importante que no momento da vacinação ele cumpra as regrinhas como as ressaltadas na campanha “Vacina, peão!”. Ele precisa atender estes pontos de vacinar na tábua do pescoço, não na picanha, nem no cupim, […] de forma subcutânea, puxando o couro do pescoço, usando a agulha certa (pequena) e ele precisa organizar o procedimento, trabalhar com calma. […] O planejamento para o produtor rural fazer a vacinação é muito importante. Cumprindo estas quatro tarefas a gente acredita que ele consegue reduzir esse tipo de problema”, declarou durante sua entrevista.

A veterinária ainda alertou para problemas causados pelos resíduos de medicamentos, como avermectinas, em produtos de carne bovina. No ano passado, foram detectados pela companhia problemas em 2% da produção de alimentos preparados, com resíduos acima do limite permitido, o que gerou um prejuízo total de R$ 4,5 milhões, um problema que poderia ser facilmente evitado com a observação do período de carência dos medicamentos veterinários.

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Convidada para a edição especial do Giro do Boi no Dia Internacional da Mulher, Raucci destacou que no setor da qualidade dentro da indústria, 55% do quadro de funcionários são compostos por mulheres, entre médicas veterinárias, como ela própria, zootecnistas, farmacêuticas e biólogas, entre outras profissões.

A boa performance do time foi responsável por um crescimento de cerca de 20% nas análises relacionadas ao controle qualidade (tais como microbiológicas, fisico-químicas e de resíduos) dos produtos da companhia, saltando de 59 mil para quase 64 mil análises mensais. Com a recente inauguração do 9º laboratório da empresa no Brasil em Redenção, no Pará, no último mês de fevereiro, o volume deverá ser ainda maior em 2019.

Para reforçar a inocuidade e a qualidade dos produtos ofertados pela empresa, Emília confirmou ainda que foi implementado em meados de 2018 o turno de domingo nos laboratórios de análise, adiantando de sete dias para 24 a 48 horas o resultados de análises essenciais.

Veja a entrevista completa com Emília Raucci pelo vídeo abaixo: