Qual o momento ideal para fazer a cura do umbigo dos bezerros? E aplicar os medicamentos necessários para evitar a ocorrência de doenças respiratórias e diarreia nos animais recém-nascidos? As perguntas foram respondidas pelo entrevistado do Giro do Boi desta sexta, 13, Fernando Dambrós, médico veterinário e gerente da Boehringer Saúde Animal.
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Segundo o veterinário, o primeiro passo importante para evitar infecções nos recém-nascidos é a cura do umbigo. “Nós temos que nos preocupar com o status sanitário desse animal. A começar pelo local adequado para nascer. A amplitude térmica que temos nas fazendas de todo o Brasil, em que a temperatura pode variar de 15 a 20ºC, é um risco para o bezerro. Tem que ter alguém sempre de olho porque ele é nosso investimento a médio e longo prazos”, alertou Dambrós. “Muitas vezes, na pecuária extensiva, a gente não consegue, mas o ideal seria fazer a cura logo no primeiro dia”, complementou.
Caso o recém-nascido fique doente nesta fase de sua vida, por exemplo, na ocorrência de diarreia em bezerros, o tratamento deve ser feito de forma imediata. No caso de este animal ficar doente por uma semana, sua vida produtiva já estará afetada. “Os animais que não morrerem vão ter problema com esse atraso no desenvolvimento causado lá naqueles primeiros dias com diarreia bovina“, revelou. O problema é tão grave que Dambrós citou um artigo da Embrapa que afirma que bezerros de leite infectados podem ter um custo de produção elevado em até US$ 33,50 por ano, além de ter a produção de leite afetada entre 15 a 17% ao longo de sua vida.
A pneumonia em bovinos recém-nascidos é, juntamente com a diarreia, uma das principais causas de mortalidade de bezerros no Brasil, além de atrasar a produção de carne e leite. “Para prevenir isto, nós temos algumas opções de vacinas para bezerros recém-nascidos que reforçam o tratamento deles. O foco é verificar o quanto antes, manter a ronda na fazenda e, quando identificar estas doenças, ser rápido”, recomendou Dambrós. “São alguns segundos que a gente investe nesse animal que fazem a diferença na vida dele. Ou seja, eu investi no preparo da vaca, cuidei da gestação e quando nasceu o bezerro, eu descuidei. Por isso eu posso ter de 30 a 50% de mortes e de bezerros que não desmamam”, advertiu.
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Doenças respiratórias em confinamento
Outro pedido de atenção que Dambrós fez em sua entrevista ao apresentador Mauro Sérgio Ortega foi o cuidado com as DRBs, principalmente para quem realiza um último ciclo de confinamento ainda em 2017. “No confinamento, se eu tenho um ou dois animais que apresentam sintomas da pneumonia, com certeza um grande número de animais estará com a doença na forma subclínica”, explicou. O médico veterinário afirmou que pode haver uma redução de até 30% no rendimento dos animais confinados e um atraso de aproximadamente duas semanas no abate devido à queda de produtividade. “Quanto mais rápido eu tratar, menos tempo em confinamento o boi vai ficar”, resumiu.
O veterinário completou dizendo que o tempo de reação do antibiótico para pneumonia, neste caso, é essencial para evitar atrasos na terminação. “Por isso eu tenho que escolher o produto antibiótico que alcance altos níveis de concentração nas vias respiratórias. Uma opção mais rápida e potente”, indicou. “Quando a gente não toma cuidado com essas doenças absorvem boa parte do nosso lucro”, frisou.
Veja abaixo a entrevista na íntegra de Fernando Dambrós ao Giro do Boi.